São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Participação política

Aproxima-se o dia das eleições municipais. Por meio do voto, o cidadão exerce o direito e o dever de escolher os candidatos que hão de assumir o Poder Executivo e Legislativo nos municípios.
É momento de grande participação política. Precisamos ter o devido discernimento para eleger pessoas e partidos que melhor promovam o bem comum, isto é, a ordem social justa, estável e solidária.
1. Da parte do eleitor, requer-se preparo e consciência para escolher os representantes. Trata-se de um dever de cidadania. Ninguém pode se omitir quanto à obrigação de contribuir para o bem comum. O voto responsável não pode estar a serviço de vantagens e benefícios individuais ou familiares. "Voto não tem preço". Perde a dignidade quem troca o voto por favores. Também não se vota só por amizade ou gratidão.
É, portanto, necessário conhecer os candidatos e partidos para identificar as qualidades e os valores em ordem à construção da sociedade comprometida com os direitos e deveres humanos.
2. Na escolha dos representantes do povo, há critérios a serem obedecidos:
a) a qualidade primordial dos candidatos será sempre o pleno respeito à dignidade da vida humana, que implica honestidade pessoal e coerência com os princípios e os valores éticos e morais. Houve notável progresso com a aprovação da lei 9.840, que exclui todo tipo de corrupção eleitoral e prevê a punição do candidato que violar a lei -com cassação do registro ou do diploma;
b) outro requisito é o do preparo, da competência e da transparência administrativa, comprovada pelos serviços já prestados à comunidade;
c) além disso, torna-se mais forte a exigência de colaborar com a comunidade, lutando pelos seus interesses, abrindo espaço para a participação política ativa e consciente nos conselhos paritários e nos encontros freqüentes com a população;
d) diante da gravidade das injustiças sociais, é urgente indicar representantes capazes de elaborar leis e políticas públicas que garantam o acesso dos desfavorecidos a condições dignas de vida e, em especial, a superação da fome, a criação de empregos e o assentamento dos sem-terra.
3. Nestas semanas finais das campanhas políticas, seja-nos permitido relembrar a importância do bom relacionamento entre candidatos e partidos, evitando críticas e ataques recíprocos e qualquer tipo de manifestação hostil.
Acima de toda diferença política, mesmo no mais aceso da campanha, é indispensável manter o respeito e a estima para com todos na busca conjunta do bem comum. Esse empenho contribuirá para o aprendizado cada vez maior da convivência pacífica e solidária.
Na experiência do amadurecimento democrático, muito coopera a Igreja, respeitando a diversidade partidária e a livre opção do cidadão.
Pertence à missão da Igreja, à luz do Evangelho, cooperar na proposta e na promoção dos valores que salvaguardam a dignidade da pessoa, a justiça e a concórdia entre partidos, grupos e todos os cidadãos.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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