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ESPAÇO PARA CRESCER
Cresce a preocupação quanto à
perspectiva da economia brasileira em 2003. Os motivos imediatos
são evidentes: a taxa de juros subiu e
o dólar se mantém muito alto há semanas, reforçando as pressões sobre
a inflação. Isso agrava a incerteza que
seria natural surgir num período de
transição política que se desenvolve
em meio a um quadro internacional
adverso. Generalizou-se, assim, a
impressão de que se estreita o espaço
para a economia crescer em 2003.
Mas ainda há grande dispersão de
avaliações quanto ao grau da restrição ao crescimento .
Muitos esperam uma pequena aceleração do crescimento: a expansão
do PIB passaria do ritmo pouco superior a 1% esperado para 2002 para
taxa na faixa de 2% a 2,5%. Outros
prevêem estagnação. E há até quem
avente uma retração forte do PIB, mirando-se no exemplo da Argentina.
Essa última hipótese parece bastante remota, dadas as claras diferenças entre os dois países. Não há nenhum indício de que o sistema bancário brasileiro esteja ameaçado de
ingressar em crise comparável à que
tanto contribuiu para a "débâcle" da
economia argentina em 2002. Além
disso, a partir da adoção do câmbio
flutuante, em 1999, o Brasil vem ajustando suas contas externas progressivamente. E nos últimos meses,
desde que a escassez de crédito internacional se agravou, o ajuste das
contas externas -expresso na elevação do superávit na balança comercial- se acelerou nitidamente, indicando rápida capacidade de adaptação da economia.
A disponibilidade de crédito externo será um condicionante central do
espaço que a economia brasileira terá para crescer em 2003. A aversão ao
risco dos investidores internacionais
se encontra em nível atipicamente alto. Ilustra isso a forte demanda por
títulos públicos dos EUA -considerados de baixíssimo risco- , que
oferecem o retorno mais baixo dos
últimos 40 anos.
As dificuldades para o Brasil crescer serão grandes, se a aversão ao risco no plano internacional permanecer tão extremada ao longo dos próximos meses. Mas algum arrefecimento não parece impossível, e tenderia a abrir melhores perspectivas
para o Brasil em 2003.
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