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RENDA CONCENTRADA
Gastos sociais, em sua maioria vinculados a despesas inscritas na Constituição, contribuíram
para que a distribuição da renda no
Brasil melhorasse muito discretamente ao longo da década passada.
Não fossem esses dispêndios, provavelmente o abismo que separa a elite
mais rica das massas pobres teria se
ampliado. Mesmo com esse "colchão" social atuando a favor da melhora distributiva, apenas três países
miseráveis da África (Serra Leoa, República Centro-Africana e Suazilândia) apresentam, hoje, maior concentração de renda do que o Brasil.
A má distribuição de renda não é
uma invenção recente do desenvolvimento brasileiro. Trata-se de um entrave secular, que tem raízes, por
exemplo, no modelo escravista que
perdurou até as portas do século 20.
Constatá-lo evidencia que gerações e
gerações de brasileiros foram incapazes de enfrentar o problema. A redemocratização recente logrou, como se nota, criar instituições que, ao
menos, conseguiram evitar uma piora no quadro. O desafio, agora, é fazer a renda dos mais pobres avançar
relativamente mais rápido que a dos
mais ricos.
Alguns especialistas tendem a enfatizar que será preciso, nesse esforço, rever boa parte da estrutura de
gastos sociais do poder público,
pois, argumentam, esses dispêndios
não atingem com eficácia os mais
necessitados. Outros enfatizam o aspecto das políticas públicas emancipatórias, calcadas, num primeiro
momento, na ampliação do emprego popular de baixa qualificação e na
expansão da oferta de bens de consumo de massa.
Bons estudos e boas teses sobre como diminuir a concentração da renda no Brasil não faltam. Como da
teoria passar à prática é a grande
questão, que deverá estar na agenda
de transição dos parlamentares e governantes que assumem em janeiro.
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