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FERNANDO RODRIGUES
A falta de autocrítica no PT
BRASÍLIA - Lula e a direção do PT
têm todo o direito de esquecer o que
disseram. Tudo bem. Ocorre que há
no PT quem não foi eleito para aprovar o nome de banqueiros para a presidência do Banco Central.
É o caso da senadora Heloísa Helena (PT-AL). Ela está onde sempre esteve. Seu discurso anterior não a autoriza a aprovar o ex-presidente do
BankBoston Henrique Meirelles para
o BC. Um defeito que a senadora petista não tem é o da incoerência.
O mesmo não se pode dizer de Lula
e da direção petista -sem fazer juízo
de valor sobre se a posição atual é
melhor ou pior. O fato é que os líderes
do PT ainda devem explicação sobre
o que pensavam até anteontem.
Logo depois que Armínio Fraga foi
indicado presidente do BC, em 99,
Lula disse se tratar de uma "subordinação total, concreta" do país à
"agiotagem internacional".
O senador eleito Aloizio Mercadante atacou o BankBoston. Em novembro de 99, escreveu um artigo nesta
Folha. Eis um trecho: "Grandes bancos internacionais [entre os quais o
BankBoston" compraram grandes
valores em dólar às vésperas da desvalorização e depois dirigiram o ataque especulativo contra o real". Nada ficou provado e ninguém mais na
direção do PT fala em investigar.
O presidente do PT, José Genoino,
foi duro com Armínio Fraga. Na Folha, em fevereiro de 99, produziu a
seguinte avaliação negativa: "A nomeação do novo presidente do BC,
oriundo do mercado financeiro, reforça a velha promiscuidade entre o
público e o privado. Armínio Fraga
não terá condições de estabilizar a
política cambial".
Substitua o nome de Armínio Fraga pelo de Henrique Meirelles na
frase de Genoino e Heloísa Helena ficará feliz. Esse é o ponto.
A direção do PT poderia convocar
uma entrevista coletiva, Lula à frente, para dizer em jogral: "Erramos.
Falamos bobagem no passado. Agora, pensamos diferente". Enquanto
não fizerem isso, é deslealdade cobrar apoio cego de Heloísa Helena.
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