UOL




São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

Próximo Texto | Índice

MAIS DO MESMO

Depois de um forte ajuste monetário, que levou a taxa Selic ao pico de 26,5% ao ano, as autoridades econômicas do governo Luiz Inácio Lula da Silva chegam a dezembro de 2003 com juros básicos de 16,5%. Desde junho foram cortados dez pontos percentuais. O corte de um ponto, determinado ontem, estava de acordo com as expectativas do mercado financeiro.
Do ponto de vista da economia real não resta nenhuma dúvida de que os juros permanecem em patamares bastante elevados, sobretudo nas operações de crédito a empresas e consumidores. Os "spreads", ou seja, a diferença entre a taxa pela qual os bancos captam e aquela que cobram nos empréstimos, vêm se mantendo em níveis muito altos no Brasil, o que é uma grave distorção a ser corrigida.
Observando-se apenas a Selic, quando dela se desconta a projeção de inflação para os próximos 12 meses (que está em cerca de 6%), chega-se a uma taxa de 10,5%. Setores do governo vêm dando sinais de que esse valor (Selic menos inflação) poderia estar em 8% ou 7% nos primeiros meses de 2004, patamar que é visto por muitos como compatível com uma política econômica capaz de garantir um crescimento razoável sem gerar grandes preocupações com a inflação e o câmbio.
É claro que assertivas desse tipo devem ser vistas com cautela, já que outros fatores precisam ser levados em conta nessa equação, não havendo, na realidade, nenhuma certeza sobre qual seria a "taxa de equilíbrio" para a economia brasileira. Certo é que as autoridades econômicas não podem abrir mão de buscar os níveis mais baixos possíveis sem deixar de olhar -mas também sem fixar metas excessivamente conservadoras- para a inflação e a taxa de câmbio.
Embora o Banco Central afirme que os efeitos dos últimos cortes ainda não se fizeram sentir por inteiro, o fato é que a dinâmica do reaquecimento se vem mostrando lenta, com fraca resposta no consumo. Considerando que a inflação se encontra baixa, e a taxa de câmbio relativamente estável, o BC poderia ter optado por um corte mais audacioso.


Próximo Texto: Editoriais: CLONAGEM PARA O BEM
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.