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MAIS DO MESMO
Depois de um forte ajuste monetário, que levou a taxa Selic
ao pico de 26,5% ao ano, as autoridades econômicas do governo Luiz
Inácio Lula da Silva chegam a dezembro de 2003 com juros básicos
de 16,5%. Desde junho foram cortados dez pontos percentuais. O corte
de um ponto, determinado ontem,
estava de acordo com as expectativas
do mercado financeiro.
Do ponto de vista da economia real
não resta nenhuma dúvida de que os
juros permanecem em patamares
bastante elevados, sobretudo nas
operações de crédito a empresas e
consumidores. Os "spreads", ou seja, a diferença entre a taxa pela qual
os bancos captam e aquela que cobram nos empréstimos, vêm se
mantendo em níveis muito altos no
Brasil, o que é uma grave distorção a
ser corrigida.
Observando-se apenas a Selic,
quando dela se desconta a projeção
de inflação para os próximos 12 meses (que está em cerca de 6%), chega-se a uma taxa de 10,5%. Setores do
governo vêm dando sinais de que esse valor (Selic menos inflação) poderia estar em 8% ou 7% nos primeiros
meses de 2004, patamar que é visto
por muitos como compatível com
uma política econômica capaz de garantir um crescimento razoável sem
gerar grandes preocupações com a
inflação e o câmbio.
É claro que assertivas desse tipo devem ser vistas com cautela, já que outros fatores precisam ser levados em
conta nessa equação, não havendo,
na realidade, nenhuma certeza sobre
qual seria a "taxa de equilíbrio" para
a economia brasileira. Certo é que as
autoridades econômicas não podem
abrir mão de buscar os níveis mais
baixos possíveis sem deixar de olhar
-mas também sem fixar metas excessivamente conservadoras- para
a inflação e a taxa de câmbio.
Embora o Banco Central afirme
que os efeitos dos últimos cortes ainda não se fizeram sentir por inteiro, o
fato é que a dinâmica do reaquecimento se vem mostrando lenta, com
fraca resposta no consumo. Considerando que a inflação se encontra
baixa, e a taxa de câmbio relativamente estável, o BC poderia ter optado por um corte mais audacioso.
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