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CLONAGEM PARA O BEM
É importante e merece apoio
a decisão do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) de incluir em seu
substitutivo da Lei de Biossegurança
a liberação de pesquisas com clonagem humana terapêutica. O tema é
polêmico e deverá mobilizar a oposição de setores religiosos.
Diferentemente da clonagem reprodutiva, que visa a produzir uma
cópia genética de um indivíduo, a
clonagem terapêutica humana tem o
intuito de obter células com características especiais promissoras para a
medicina. O blastocisto gerado nem
chega a ser implantado num útero.
Células-tronco podem converter-se
em praticamente qualquer tipo de tecido, de ossos a nervos. Acredita-se
que possam trazer a chave para a cura de doenças degenerativas como
mal de Parkinson e até alguns cânceres. Numa outra etapa, poderão permitir a "fabricação" de órgãos como
peças de reposição. Se o embrião que
cede as células é uma cópia genética
do paciente, elimina-se até mesmo o
problema da rejeição.
A pesquisa com clonagem terapêutica é promissora demais para ser ignorada. A objeção que se faz contra
ela é que acarreta a destruição de embriões humanos. Para éticas não religiosas, não há instantes biológicos
privilegiados que marquem o início
da vida. Em termos práticos, ela começa quando a lei diz que começa,
isto é, no nascimento. De todo modo, as clínicas de fertilidade já produzem milhares de embriões excedentes que jamais serão utilizados. Entre
mantê-los congelados, inutilizá-los
ou empregá-los em pesquisas que
poderão salvar vidas, a escolha não
parece difícil.
Hoje, a pesquisa com clonagem terapêutica está proibida no Brasil, por
força da Lei de Biossegurança vigente, datada de 1995, que veda a "a produção, armazenamento ou manipulação de embriões humanos destinados a servir como material biológico
disponível". Já é hora de revê-la e, ao
mesmo tempo, assegurar a criação
de mecanismos de controle para coibir abusos, especialmente para aqueles que perseguem a idéia de gerar
um ser humano por clonagem.
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