São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003 |
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ELIANE CANTANHÊDE Um dia atrás do outro
BRASÍLIA - Montoro, Covas, Sérgio
Motta e, ontem, José Richa. De fundadores e/ou velhos caciques do
PSDB, sobram Fernando Henrique
Cardoso, José Serra e, desencantado
com a política, Euclides Scalco.
A renovação tucana se dá justamente quando a política brasileira
está de pernas para o ar, com petistas
aprendendo a duras penas a ser governo e tucanos engatinhando na
oposição. Uns contra os outros.
Ontem mesmo, o líder do PSDB no
Senado, Arthur Virgílio, distraía a
galera com a proposta de uma CPI
para o caso Santo André. Não é para
dar em nada, só para provocar. Típico ato petista, mas às avessas. E com
uma diferença: a imprensa dava visibilidade às fracassadas CPIs pedidas
pelo PT, mas não dá para as agora
lançadas pelo PSDB. Perdeu a graça.
É curioso que essa gente -tucanos
da origem e petistas do poder- tem
passado de esquerda e de centro-esquerda e esteve junta na resistência à
ditadura. Uns com o verbo. Outros
com armas. Por uma formalidade,
registre-se que há controvérsias
quanto a José Dirceu.
Os dois grupos passaram a caminhar em paralelo a partir da criação
do PT e a disputar os espaços eleitorais desde a criação do PSDB, em
1988, e da primeira eleição direta, em
1989. No primeiro turno, Lula concorreu de um lado, e Covas, de outro.
No segundo, era tarde. Deu Collor.
O PSDB reuniu quadros na elite e
rendeu um presidente letrado. O PT
arregimentou militância e elegeu um
presidente de metáforas e massas. Richa morreu aos 69 anos, deixando
um nome limpo e do bem, sem poder
acompanhar o mais interessante: o
governo do PT é nada mais nada menos que a continuidade do governo
do PSDB. Só faltou avisar na campanha: "Eu sou você amanhã". Como
está efetivamente sendo hoje.
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