São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

CPMF internacional
"Se Lula vai propor uma CPMF mundial contra a fome, em Genebra, conforme manchete da Folha de 17 de janeiro, seria bom que ele explicasse aos seus colegas que a taxação brasileira, iniciada no governo FHC, deveria ter sido provisória e destinada à área de saúde e que, no entanto, não se presta nem a uma nem a outra coisa: tornou-se definitiva e ninguém sabe para onde vai a arrecadação dessa modalidade de rapinagem brasileira mantida em seu governo."
Ariovaldo Cavarzan (Campinas, SP)

 

"Nosso presidente propor uma CPMF internacional contra a fome é exagero de marketing. O povo não é bobo! Após mais de um ano de governo, deveria o presidente fazer uma viagem pelo interior do Brasil, para verificar o resultado do Fome Zero. E poderia deixar em cada lugar em que passasse um pedacinho do novo avião de milhões de dólares, para matar a fome do povo. Sou mais um dos eleitores que se sentem traídos. Esse terceiro mandato do PSDB está muito ruim!"
Paulo Roberto Villa (Avaré, SP)

Universidade pública
"Não surpreende que o professor Isaias Raw seja contra a proposta da professora Marilena Chaui de dar às universidades parte do controle dos recursos destinos à pesquisa ("Tendências/Debates", pág. A3, 17/1). Afinal, oriundo de uma área técnica que produz resultados palpáveis -a medicina-, nada mais lógico para ele do que as agências de fomento à pesquisa visarem "o desenvolvimento científico, base para o desenvolvimento tecnológico e econômico do país". Trata-se da visão míope de quem usa os óculos da racionalidade neoliberal, como alertou a professora Chaui. Um país não se faz só de desenvolvimento tecnológico, é preciso também um desenvolvimento intelectual que vá além de dados empíricos e estatísticas. Como filósofa, a professora Chaui sabe das dificuldades de atribuir o aspecto técnico exigido pelas agências de fomento à pesquisa a projetos conceituais, especulativos; sabe também o quanto é contraproducente esse viés técnico nas pesquisas ligadas às humanidades. Espero que a visão abrangente da professora Chaui prevaleça nessa discussão."
Daniel Dalmoro (Campinas, SP)

 

"É no mínimo perigosa a argumentação da filósofa petista Marilena Chaui em relação à sua proposta de "autonomia" universitária, quando afirma que o sistema de eficiência acadêmica é vinculado ao ideário da direita. Esquece a professora que o julgamento dos pares é uma maneira de acabar com o sistema cartorial e injusto que defende somente aqueles que acham que o Estado deve lhes servir, pois supostamente somente os que "pensam" como e com a esquerda têm condições de conhecer a verdade. Penso que as conseqüências de sua proposta serão trágicas para o ensino e a pesquisa independentes no país, pois imagino que a professora Chaui, se ainda aceitasse orientar teses, não daria uma bolsa de estudos para alguém que quisesse fazer um doutorado tentando desvendar os avanços sociais ocorridos no sistema de ensino superior nos anos FHC. Será que estou errado quanto a isso?" Ideologia não combina com pesquisa. Infelizmente alguns pesquisadores ainda não se deram conta disso."
Cícero Inácio da Silva (São Paulo, SP)

O governo e as elites
"Deixa ver se eu entendi: segundo Tarso Genro, a aliança do PT com o malufismo, as oligarquias e o capital financeiro não seria a reedição das "conciliações de elites" que marcaram a história do Brasil ("O governo Lula e a conciliação das elites", pág. A3, 18/1). E, se as políticas deste governo se parecem com as dos governos anteriores, isso é só porque o "sistema interno de interesses" teria mudado radicalmente nos últimos 30 anos. O curioso é que mudou o "sistema", mas os interesses maiores acolhidos no condomínio governamental (e os excluídos dele) são os mesmos de 30 anos atrás. Aqueles outros interesses, que um dia se fizeram representar pelo PT, devem esperar ainda um pouco mais, até que venha a "transição para um outro modelo econômico". Se o maior partido de "esquerda" do país hegemoniza um governo com base nessas idéias, o que vai sobrar para a direita defender?"
Eurelino Coelho Neto (São Paulo, SP)

Sucatão
"Num país que tem uma das empresas de aviação mais competitivas do mundo, não seria uma boa idéia que o avião presidencial fosse fabricado pela mesma?"
Paulo Calil (São Paulo, SP)

 

"Creio que é extremamente pequena a visão do Exmo. Sr. prefeito do município de Rio Pomba, quando analisa a compra do Airbus pela Presidência da República ("Avião presidencial", "Painel do Leitor", 18/1). V. Excia., quando diz o que diz, lembra-me os mesmos petistas, à época da construção da hidrelétrica de Itaipu, que diziam se tratar de "obra faraônica". A história, por intermédio de "apagões", mostrou-nos que a obra não tinha nada de "faraônica'; ao contrário, era muitíssimo necessária."
Galvão Neto (São Paulo, SP)

Santo André
"Por que será que o PT se revolta toda vez que se fala do caso Celso Daniel? O que será que esse assassinato encobre? Será que toda essa revolta dos srs. Dirceu e Genoino contra o Ministério Público e contra o Poder Judiciário é só por causa de o caso Celso Daniel encobrir algum envolvimento do PT ou há algo maior por trás disso, que só vamos descobrir depois das eleições municipais? O povo aguarda uma resposta."
Orlando Faccini Júnior (São Bernardo do Campo, SP)

Democracia iraquiana
"No Iraque existe uma Constituição e os eleitores estão devidamente cadastrados. A democracia só não imperava no país devido à coerção da ditadura. Assim sendo, eleições imediatas, como exige o aiatolá Al-Sistani, não seriam impossíveis de realizar. Congressistas que viessem a ser eleitos conforme o processo em vigor não seriam menos legítimos do que o grupo constituinte a ser escolhido de acordo com os critérios nada convencionais sugeridos pelos peritos norte-americanos. Possivelmente o resultado de eleições limpas no Iraque não venha a agradar a América, nem a Europa, nem a maioria dos países do golfo Pérsico. Mas, se agradar aos iraquianos, basta. É assim que funciona a democracia."
Jorge A. Nurkin (São Paulo, SP)

Colunista
"Parabéns à Folha por ter novamente José Serra assinando uma coluna no jornal. Como assinante e leitor diário, passo a ter mais um ótimo motivo para acompanhar o que é publicado pelo jornal."
Hubert Alqueres (São Paulo, SP)

 

"Não me parece positivo que a Folha tenha em seu quadro de articulistas o senhor José Serra, candidato recém-derrotado na eleição para presidente da República. Pois, além da arrogância característica dos tucanos, penso que o seu estigma de haver fracassado na busca de um projeto maior pode comprometer a contribuição que os seus textos trariam aos leitores desse jornal que tanto se diz "independente"."
Reginaldo da Silva Vieira (Barueri, SP)

Dignidade
"Deficientes físicos, os esquecidos pelos governos, continuam a insistir em seus direitos de cidadania, mas, pelo que consta, nada tem sido feito de efetivo para dar-lhes a dignidade devida. Enquanto muitas empresas estão abrindo vagas para que eles possam trabalhar, poucos o conseguem, já que não foram preparados para tal. Seriam necessários (caso houvesse realmente vontade política) centros de ensino e orientação, onde pudessem aprender um ofício de acordo com suas limitações. Os deficientes pobres não querem a piedade alheia, e sim que o governo do Estado cumpra suas obrigações sociais e suas promessas de campanha, em vez de gastar com propagandas que, na realidade, só beneficiam a eles mesmos."
Marina dos Santos (São Paulo, SP)


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