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CLÓVIS ROSSI
Um bom curativo
SÃO PAULO- Agora que o mundo
oficial parece ter se lembrado dos vícios do nepotismo (presentes na pátria a rigor desde a carta de Pero Vaz
de Caminha comunicando a descoberta), vale defender solução mais
abrangente, apontada pelo leitor Isnaldo Piedade de Faria no "Painel do
Leitor" de ontem:
"Caso houvesse uma real intenção
de moralização, seriam suficientes
medidas que tornassem a maioria de
tais cargos , hoje de livre nomeação,
em privativos de servidores selecionados por concursos públicos, deixando para livre escolha apenas os
poucos cargos em que a estrita confiança da autoridade seja imperativa. Enquanto houver essa pletora de
cargos comissionados e de servidores
terceirizados, a pouca vergonha continuará a imperar nos três Poderes".
Para o meu gosto, não ficaria nem
essa brecha dos cargos de "estrita
confiança". Funcionário público,
graduado ou não, tem que confiar é
no Estado a que serve e na sua capacidade de lhe fornecer assessores qualificados, em vez de confiar nos seus
amigos e correligionários.
A sugestão, como fica claro no final,
vale não apenas para o Judiciário,
mas para todos os Poderes.
É claro que não acabaria a corrupção. Um país com a cultura política
podre como é a do Brasil permanecerá vulnerável, mais vulnerável do
que países mais sólidos institucionalmente e nos quais, por extensão, é
menor a impunidade dos poderosos.
É claro também que funcionário
devidamente concursado comete
atos de corrupção.
Não se trata, portanto, da pomada
maravilha que cura todos os males,
uma fórmula em que brasileiro adora acreditar, mesmo que todas as evidências a contrariem.
Mas seria um curativo importante.
Se é verdade que o poder corrompe e
o poder absoluto corrompe absolutamente, o poder de nomear discricionariamente corrompe mais do que o
limite imposto pela obrigatoriedade
de trabalhar com quem ganhou o
posto por seus méritos.
@ - crossi@uol.com.br
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