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ELIANE CANTANHÊDE
Os 'outros'
BRASÍLIA- Até aqui, Lula é candidato único. Viaja, faz discurso, dá boas
notícias e quase não enfrenta críticas.
Mas, em junho, quando espera disparar nas pesquisas para atrair o
PMDB, tudo será diferente.
Em vez de disputar sozinho, estará
sozinho contra todos os demais: os
candidatos do PSDB (Serra ou Alckmin), do PMDB (Garotinho ou Rigotto) e mais os da esquerda - Heloisa Helena (PSOL), Roberto Freire
(PPS) e Cristovam Buarque ou Jefferson Peres (PDT).
Basta dar uma olhada na lista de
partidos e de nomes na eleição para
ver que: 1) Lula vai ser o alvo principal de todos, inclusive por estar no
governo e liderar as pesquisas; 2) Garotinho e os do PSOL, PDT e PPS tendem a tirar votos de Lula, estes porque ou saíram do PT ou são velhos
adversários do partido na esquerda.
Roberto Freire e seu PPS são da esquerda ortodoxa, conhecidos -e ácidos- críticos de Lula e do PT. Heloisa e Cristovam eram petistas, e ele foi
até ministro da Educação de Lula,
demitido por telefone. O que têm a
dizer por certo terá um peso muito especial. Eles não vão dar moleza para
o candidato tucano, mas tendem a
despejar críticas e mágoas em cima
principalmente de Lula -que já deve estar rezando para todos os santos,
especialmente para são Sarney e são
Renan, pedindo que Rigotto ganhe as
prévias de Garotinho, o candidato
que mais tira voto dele.
Além disso, hoje, Lula fala o que
quer e vai passar a ouvir o que não
quer. Denúncias em épocas de campanha costumam ser desprezadas
pelo eleitor, tão escaldado em oportunismo eleitoral. Mas, no caso de
Lula, as denúncias serão lembranças, e não novidades de ocasião. Como explicar a queda do chefe da Casa Civil, depois cassado por seus pares? E a queda da cúpula do PT, se
ninguém tinha culpa de nada? E as
cuecas e o Land Rover?
Em resumo: qualquer candidato à
reeleição é naturalmente forte, e Lula está especialmente forte. Mas não
se espere uma campanha fácil, muitíssimo ao contrário. Será uma campanha dura e, hoje, de resultado incerto.
@ - elianec@uol.com.br
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