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VALDO CRUZ
Rumo ao desconhecido
BRASÍLIA - E lá vamos nós, de novo,
rumo ao desconhecido, afetados mais
uma vez por algo totalmente fora do
nosso controle: a guerra no Iraque.
Apesar do otimismo do mercado, o
conflito pode não ser rápido e poderá
mudar o humor dos investidores -o
que deixa apreensivos Luiz Inácio
Lula da Silva e sua equipe. Afinal, o
imponderável surge na hora errada,
quando o vento começava a soprar a
favor dos petistas.
O discurso da reação já estava
pronto: a inflação deu sinais de queda, o dólar ficou abaixo dos R$ 3,50, o
crédito internacional voltou, a dívida
pública caiu, o risco-país cedeu e o
superávit comercial subiu.
Indicadores de uma (tênue) virada
que permitiria a queda das taxas de
juros talvez ainda neste semestre. Cenário propício para apagar a imagem de que Lula seria um clone de
FHC, o que tanto o incomoda.
A guerra, porém, turva o ambiente
e lança dúvidas sobre a sustentabilidade da reação. Se for rápida, como
muitos prevêem, pode até ser positiva, ou neutra, para o Brasil.
Mas pode ser negativa se for prolongada, gerando conflitos internos
na região e ataques terroristas mundo afora, o que não é impossível.
Aí, qual o caminho a tomar? Antonio Palocci não tem dúvidas: persistir
no atual, mesmo que isso represente
novos desgastes. Ou seja, os juros podem até subir, em vez de cair.
Segundo Palocci confidenciou a interlocutores, Lula está ciente disso. E
o apóia na decisão. O discurso, nesse
caso, é o óbvio. Atropelados por algo
fora do controle, não há outro caminho a não ser apertar o cinto.
Alguém dirá que há, sim, uma alternativa. Mas não com Palocci. Um
plano B, para o ministro da Fazenda,
"é centralização cambial, controle de
capitais, isso não faremos", tem repetido nas reuniões reservadas.
Quando será que o país estará imune aos efeitos externos? No dia em
que não depender mais de capital estrangeiro. Até lá, qualquer política
econômica fora da atual quebra o
país em três dias, vaticina Delfim
Netto (PPB-SP). Melhor não duvidar.
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