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FERNANDO RODRIGUES
O PT e os bancos
BRASÍLIA - O debate sobre o aumento dos impostos está obnubilado pela
disputa política. Petistas dizem fazer
justiça tributária. O PFL é contra e fica com a pecha de defender os tubarões e os bancos. O PSDB parece uma
sublegenda pefelista, criticando de
maneira tímida a derrama fiscal. As
demais siglas não têm a menor importância nesse contexto.
O fato relevante a registrar é que o
PT promoverá uma alta de impostos
se a medida provisória 107 for aprovada no Senado da mesma forma
que saiu da Câmara. Fato quase certo nos próximos dias.
Essa MP 107 ficou conhecida como
"MP ônibus". Ressuscitou o Refis,
acena com o perdão de dívidas com o
INSS e aumenta impostos.
No início, o PT falava em tirar um
naco extra anual de até R$ 4 bilhões
dos bancos com uma cobrança adicional de impostos. Era o velho PT de
guerra contra o sistema financeiro.
Na realidade, como morreu no nascedouro, deve ter sido apenas uma
idéia de técnicos mal informados sobre a nova diretriz da sigla.
Esses técnicos queriam acabar com
uma iniquidade. Hoje, parte da atividade bancária desfruta do capitalismo sem risco. Por exemplo, os bancos
podem abater prejuízos registrados
com operações de títulos de renda fixa e variável da base de cálculo da
Cofins e do PIS/Pasep. A MP 107 eliminaria essa moleza.
Os bancos argumentaram que o
mercado ficaria desestabilizado (sic).
Sensível, o PT mudou de idéia.
A saída foi aumentar de 3% para
4% a alíquota da Cofins cobrada dos
bancos. Assim, banqueiros não colocarão a mão no bolso. Esse ponto percentual a mais será repassado automaticamente para os clientes.
Na última eleição, já mostrou o jornal "Valor", os bancos apareceram
pela primeira vez nas prestações de
contas oficiais entre os maiores doadores dos deputados federais petistas
eleitos por São Paulo.
O pragmatismo do PT anda numa
velocidade difícil de acompanhar.
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