SÃO PAULO - Ao jurar amizade eterna a um troglodita assumido, como o deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva define também o caráter de seu governo, bem como de seu partido.
O "trogloditismo" passado de Jefferson é tão evidente e grotesco que ele próprio não teve mais remédio que assumi-lo. Diz-se, no entanto, curado. Mas os fatos o desmentem.
Exemplo: diz Jefferson que o funcionário dos Correios flagrado recebendo propina não estava recebendo propina, mas pagamento por uma consultoria. Você aí, que já contratou algum serviço ou já prestou algum serviço, conhece pagamento legal que seja feito em espécie, que o recebedor não confere e não dá recibo nenhum? Não, não é? Pois foi assim que se passaram as coisas com o protegido de Jefferson nos Correios, conforme deixa cristalinamente claro o teipe exibido pela Globo.
Se mentiu nesse ponto, que nem é, aliás, o mais relevante, imagine-se o quanto mais não mentiria o suposto ex-troglodita Roberto Jefferson.
Enfim, nada que surpreenda que tenha lido jornais nos últimos 20 anos de ascensão de Jefferson e do seu PTB. Cúmplice (a palavra, desgraçadamente, é essa e só essa) de Fernando Collor de Mello em todas as indecorosas atitudes do candidato e depois presidente, continuou aliado de Fernando Henrique Cardoso nas várias irregularidades, supostas ou reais, que o PT denunciava quando presumia ter o monopólio da decência na vida pública.
Por que seria diferente agora que o PT abandona de público a busca da decência e trata, ao contrário, de evitar uma CPI para um caso escandalosamente grave?
O Brasil passa a ser um tremendo caso de estudo para a sociologia universal. Com a eleição de Lula, parecia ter completado o percurso até a modernidade política.
Com o governo Lula, verifica-se que só cresceu o número de trogloditas notórios e assumidos.

@ - crossi@uol.com.br


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