São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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BOMBAS SEM FIM

Mais um atentado suicida em Israel. Desta vez, além do homem-bomba, morreram pelo menos 19 pessoas. Mais de 50 ficaram feridas, cinco com gravidade. O ônibus que foi explodido servia uma escola de segundo grau em Jerusalém. Há alunos entre os mortos e feridos.
Pode-se entender o desespero dos palestinos, há décadas vivendo sob ocupação militar israelense, mas nada justifica uma ação como a de ontem, cujas vítimas, escolhidas aleatoriamente entre inocentes, não têm a menor chance de defesa.
Para além das perdas imediatas, cada nova bomba que explode em Israel afasta ainda mais as já remotíssimas esperanças de retomada das conversações de paz. O ataque suicida levou Israel a promover uma expedição punitiva que vai, por sua vez, produzir vítimas entre inocentes palestinos, alimentando assim o inquebrantável ciclo de violência.
Se a meta dos terroristas é inviabilizar para todo o sempre a possibilidade de diálogo, eles estão, infelizmente, se saindo bem. Paradoxalmente, contam com a colaboração dos radicais israelenses, entre os quais se incluem até mesmo autoridades.
Em Israel, é cada vez mais reduzido o número dos que ainda crêem numa solução negociada para o conflito. São crescentes, por outro lado, os setores que apostam na segregação física entre israelenses e palestinos. A cerca que separaria a Cisjordânia de Israel já começou a ser construída.
A situação se deteriorou a tal ponto que, hoje, os mais otimistas estão empenhados em impedir que o quadro se deteriore ainda mais, para que seja possível voltar a falar de paz dentro de alguns anos, quando as lideranças israelenses e palestinas forem outras. Até lá, podem-se esperar novos atentados, que serão seguidos de respostas militares israelenses, que gerarão mais homens-bombas. Algum dia, espera-se, dois verdadeiros estadistas perceberão o despropósito disso tudo e farão a paz.


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