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BOMBAS SEM FIM
Mais um atentado suicida em
Israel. Desta vez, além do homem-bomba, morreram pelo menos 19 pessoas. Mais de 50 ficaram
feridas, cinco com gravidade. O ônibus que foi explodido servia uma escola de segundo grau em Jerusalém.
Há alunos entre os mortos e feridos.
Pode-se entender o desespero dos
palestinos, há décadas vivendo sob
ocupação militar israelense, mas nada justifica uma ação como a de ontem, cujas vítimas, escolhidas aleatoriamente entre inocentes, não têm a
menor chance de defesa.
Para além das perdas imediatas, cada nova bomba que explode em Israel afasta ainda mais as já remotíssimas esperanças de retomada das
conversações de paz. O ataque suicida levou Israel a promover uma expedição punitiva que vai, por sua vez,
produzir vítimas entre inocentes palestinos, alimentando assim o inquebrantável ciclo de violência.
Se a meta dos terroristas é inviabilizar para todo o sempre a possibilidade de diálogo, eles estão, infelizmente, se saindo bem. Paradoxalmente,
contam com a colaboração dos radicais israelenses, entre os quais se incluem até mesmo autoridades.
Em Israel, é cada vez mais reduzido
o número dos que ainda crêem numa solução negociada para o conflito. São crescentes, por outro lado, os
setores que apostam na segregação
física entre israelenses e palestinos.
A cerca que separaria a Cisjordânia
de Israel já começou a ser construída.
A situação se deteriorou a tal ponto
que, hoje, os mais otimistas estão
empenhados em impedir que o quadro se deteriore ainda mais, para que
seja possível voltar a falar de paz dentro de alguns anos, quando as lideranças israelenses e palestinas forem
outras. Até lá, podem-se esperar novos atentados, que serão seguidos de
respostas militares israelenses, que
gerarão mais homens-bombas. Algum dia, espera-se, dois verdadeiros
estadistas perceberão o despropósito
disso tudo e farão a paz.
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