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TOLEDO E A CRISE
Alejandro Toledo foi a figura
que melhor encarnou a indignação da população peruana contra
os desmandos da administração de
Alberto Fujimori. Denunciando a
corrupção, as manipulações eleitorais e os crimes contra os direitos humanos associados ao fujimorismo,
Toledo venceu as eleições presidenciais do ano passado. Agora, menos
de um ano depois de ter tomado posse, o primeiro presidente do Peru
descendente de índios enfrenta uma
séria crise de popularidade.
O desaprovação ao seu governo
chega aos 72%. Para tentar conter
uma onda de protestos antiprivatistas, o presidente declarou estado de
emergência na região de Arequipa,
segunda maior cidade do país. Também nas Forças Armadas parece haver uma onda de descontentamento
contra Toledo. Na base desses acontecimentos provavelmente estejam a
difícil digestão dos "esqueletos" da
era Fujimori, as altas expectativas iniciais em relação ao novo presidente e
um certo estranhamento popular a
respeito de algumas ações do novo
governo, como privatizações.
Toledo paga um preço em termos
de respaldo institucional quando leva a termo sua promessa de investigar indícios de desmandos do governo anterior. Nesse processo de "depuração", vários oficiais militares foram afastados, alguns respondem a
processo criminal, alguns estão presos. Está sendo julgado até um suposto abuso de poder na ação das
forças de segurança contra os terroristas Tupac Amaru que tomaram a
embaixada do Japão em 1992.
Na economia, Toledo, ao que consta, pretende avançar na agenda de reformas econômicas liberalizantes de
Fujimori, procurando despi-la de seu
vezo patrimonialista. O problema é
saber até que ponto a realidade peruana permitirá a execução desse
programa. De um lado, estão uma
burocracia e, em boa medida, uma
elite deterioradas e acostumadas à
confusão entre público e privado. Do
outro, a pobreza galopante, que atinge mais da metade da população.
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