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DOSE HOMEOPÁTICA
Enfim , o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduziu a taxa de juro básica da
economia. A Selic caiu de 26,5% ao
ano para 26%. Diante de patamares
tão elevados, e quando comparada
com as taxas das principais áreas
monetárias (EUA, Europa e Japão), a
queda de 0,5 ponto percentual é insignificante. Não terá consequência
prática digna de registro, embora
possa ter alguma influência positiva
sobre as expectativas.
Há espaço para que a trajetória de
queda se acentue. A taxa Selic real, ou
seja, descontada a inflação projetada
para os próximos 12 meses, vem
apresentando altas consecutivas. Estaria, hoje, em torno de 18%, uma
das mais elevadas do mundo. Empresas e consumidores pagam no
mínimo o dobro desse valor. Paralelamente, os índices de aumento de
preços revelam claros sinais de queda e convergência para as metas de
inflação do BC (8,5% em 2003 e 5,5%
em 2004). As expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado pelo governo para
perseguir a meta de inflação, caíram
para 7,76% em junho de 2004.
Para conter a inflação, a política de
juros altos gera desaceleração da atividade econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,1% no primeiro trimestre de 2003 em relação
aos três últimos meses do ano passado. A massa salarial encolheu 4,2%
nos 12 meses encerrados em abril. As
vendas no comércio varejista diminuíram 5,4% nos quatro primeiros
meses de 2003 quando comparadas
com o mesmo período de 2002.
Diante desse quadro, a pequena redução promovida pelo BC foi praticamente cosmética. Uma decisão extremamente tímida, ainda que na direção correta. É de esperar que o gesto do Copom represente o início de
um movimento mais consistente de
redução das taxas em suas próximas
reuniões. Até lá, é desejável que as
autoridades anunciem uma redução
dos depósitos compulsórios. Seria
uma alternativa para tentar reduzir
os elevadíssimos "spreads", gerando
algum alívio nas taxas cobradas a
empresas e consumidores.
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