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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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DOSE HOMEOPÁTICA

Enfim , o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduziu a taxa de juro básica da economia. A Selic caiu de 26,5% ao ano para 26%. Diante de patamares tão elevados, e quando comparada com as taxas das principais áreas monetárias (EUA, Europa e Japão), a queda de 0,5 ponto percentual é insignificante. Não terá consequência prática digna de registro, embora possa ter alguma influência positiva sobre as expectativas.
Há espaço para que a trajetória de queda se acentue. A taxa Selic real, ou seja, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, vem apresentando altas consecutivas. Estaria, hoje, em torno de 18%, uma das mais elevadas do mundo. Empresas e consumidores pagam no mínimo o dobro desse valor. Paralelamente, os índices de aumento de preços revelam claros sinais de queda e convergência para as metas de inflação do BC (8,5% em 2003 e 5,5% em 2004). As expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado pelo governo para perseguir a meta de inflação, caíram para 7,76% em junho de 2004.
Para conter a inflação, a política de juros altos gera desaceleração da atividade econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,1% no primeiro trimestre de 2003 em relação aos três últimos meses do ano passado. A massa salarial encolheu 4,2% nos 12 meses encerrados em abril. As vendas no comércio varejista diminuíram 5,4% nos quatro primeiros meses de 2003 quando comparadas com o mesmo período de 2002.
Diante desse quadro, a pequena redução promovida pelo BC foi praticamente cosmética. Uma decisão extremamente tímida, ainda que na direção correta. É de esperar que o gesto do Copom represente o início de um movimento mais consistente de redução das taxas em suas próximas reuniões. Até lá, é desejável que as autoridades anunciem uma redução dos depósitos compulsórios. Seria uma alternativa para tentar reduzir os elevadíssimos "spreads", gerando algum alívio nas taxas cobradas a empresas e consumidores.


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