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CAMISINHA NA ESCOLA
Merece apoio a iniciativa da
Coordenação Nacional de
Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, do Ministério da Saúde,
de distribuir preservativos nas escolas de ensino médio. Numa primeira
etapa, ainda experimental, serão oferecidas camisinhas a alunos de mais
de 14 anos, de preferência do período
noturno, em Curitiba, São Paulo, São
José do Rio Preto e Rio Branco.
Apesar de o programa brasileiro de
Aids receber merecidos aplausos internacionalmente, ainda há muito a
avançar. De acordo com pesquisa
feita em 2000 pelo Cebrap, apenas
24% dos indivíduos sexualmente ativos no ano anterior à sondagem disseram ter feito uso consistente da camisinha. Quando se considera só a
população de 16 a 25 anos -a geração pós-Aids-, a taxa sobe a 44%.
Como quase sempre, há um viés de
riqueza e instrução. Entre os jovens
em geral, 48% disseram ter usado
preservativo na primeira relação sexual. Mas esse número sobe para
57% nos estratos socioeconômicos
mais elevados, e para 71% nas camadas de maior instrução. Para efeitos
de comparação, nos EUA, 51% dos
adolescentes dizem ter usado camisinha na primeira relação. Na Alemanha são 57% e na Inglaterra, 68%.
Os números mostram que ainda há
muito trabalho a ser feito. Principalmente o jovem mais pobre e menos
instruído precisa ter acesso a informações sobre preservativos e, mais
importante, à própria camisinha,
materialmente. O preço, apesar de
relativamente baixo (pouco mais de
R$ 0,30 a unidade), pode constituir-se em obstáculo para um jovem de
pouca ou nenhuma renda.
Sexo é paixão, impulso. Por melhor
que seja o trabalho de educadores e
sanitaristas, nos momentos decisivos, muitos -inclusive pessoas informadas- não desistem do sexo
por estar sem camisinha: acabam
mantendo a relação mesmo sem
proteção alguma. Daí a importância
não apenas de ensinar, mas também
de transformar o preservativo num
item indispensável, com o qual todos
devem andar sempre. Pode ser a diferença entre a saúde e a doença.
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