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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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CAMISINHA NA ESCOLA

Merece apoio a iniciativa da Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, do Ministério da Saúde, de distribuir preservativos nas escolas de ensino médio. Numa primeira etapa, ainda experimental, serão oferecidas camisinhas a alunos de mais de 14 anos, de preferência do período noturno, em Curitiba, São Paulo, São José do Rio Preto e Rio Branco.
Apesar de o programa brasileiro de Aids receber merecidos aplausos internacionalmente, ainda há muito a avançar. De acordo com pesquisa feita em 2000 pelo Cebrap, apenas 24% dos indivíduos sexualmente ativos no ano anterior à sondagem disseram ter feito uso consistente da camisinha. Quando se considera só a população de 16 a 25 anos -a geração pós-Aids-, a taxa sobe a 44%.
Como quase sempre, há um viés de riqueza e instrução. Entre os jovens em geral, 48% disseram ter usado preservativo na primeira relação sexual. Mas esse número sobe para 57% nos estratos socioeconômicos mais elevados, e para 71% nas camadas de maior instrução. Para efeitos de comparação, nos EUA, 51% dos adolescentes dizem ter usado camisinha na primeira relação. Na Alemanha são 57% e na Inglaterra, 68%.
Os números mostram que ainda há muito trabalho a ser feito. Principalmente o jovem mais pobre e menos instruído precisa ter acesso a informações sobre preservativos e, mais importante, à própria camisinha, materialmente. O preço, apesar de relativamente baixo (pouco mais de R$ 0,30 a unidade), pode constituir-se em obstáculo para um jovem de pouca ou nenhuma renda.
Sexo é paixão, impulso. Por melhor que seja o trabalho de educadores e sanitaristas, nos momentos decisivos, muitos -inclusive pessoas informadas- não desistem do sexo por estar sem camisinha: acabam mantendo a relação mesmo sem proteção alguma. Daí a importância não apenas de ensinar, mas também de transformar o preservativo num item indispensável, com o qual todos devem andar sempre. Pode ser a diferença entre a saúde e a doença.


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