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TRIÂNGULO DAS BERMUDAS
Depois de meses de trabalho, a Polícia Federal encerrou as investigações sobre o chamado dossiê Caribe.
Não obteve provas definitivas a respeito de um ponto central desse caso
obscuro em que estão contidos pelo
menos intriga política e crime de
chantagem. Não há, nas 730 páginas
do inquérito da PF, elementos suficientes para provar a veracidade ou a
falsidade dos papéis que sugerem a
existência de uma suposta associação secreta e de contas bancárias de
autoridades tucanas no exterior.
O desfecho inconcluso do inquérito
policial frustra, uma vez mais, a demanda democrática pelo esclarecimento de um episódio em que está
envolvido o nome do presidente da
República. Essa frustração vem agora se somar a outros escândalos político-policiais da era FHC simplesmente não investigados ou ainda mal
resolvidos, a exemplo da compra de
votos para a reeleição e do caso do
grampo no BNDES.
São nuvens de dúvidas e dívidas,
morais inclusive, que o governo vai
acumulando perante a sociedade e
que, ademais, acabam servindo para
alimentar o descaramento daqueles
que têm se utilizado de métodos de
chantagem para investir criminosamente contra o próprio governo.
No caso em questão há um constrangimento adicional. FHC interferiu para o fim das investigações
quando determinou ao ministro da
Justiça que processasse criminalmente as pessoas que ele próprio,
presidente, considerava culpadas pelo dossiê Caribe, pedido que a Justiça
acatou. Com isso, as investigações
foram abortadas, embora não tenham conseguido estabelecer ao certo a origem e veracidade dos papéis.
Há de fato indícios de que a oposição malufista tenha procurado fazer
uso político desse dossiê de autenticidade suspeita. A denúncia do Ministério Público contra Paulo Maluf,
Lafaiete Coutinho e o pastor evangélico Caio Fábio foi aceita, mas a tramitação do processo está agora suspensa por liminar. Nada portanto está esclarecido. De concreto, só há
mais mal-estar no país do boato -e
mais combustível para boatos.
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