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O PARADOXO DE GREENSPAN
Alan Greenspan, presidente do
Fed, banco central dos Estados Unidos, protagoniza um paradoxo. Ele é
uma das mais importantes autoridades econômicas do mundo. No entanto, suas análises nos últimos anos
têm sido desmentidas pela realidade
econômico-financeira norte-americana. Ontem ele reafirmou seu ceticismo com relação ao vigor da economia e das Bolsas dos EUA.
O novo alerta é bastante oportuno.
Animado com indicadores recentes
de recuo nas pressões inflacionárias,
a maioria dos analistas financeiros
norte-americanos alterou suas expectativas e começou até a acreditar
numa elevação apenas modesta dos
juros nos próximos meses.
Em depoimento à Comissão Mista
de Economia do Congresso dos Estados Unidos, Greenspan apresentou
uma ressalva fundamental, que deveria ser mais bem avaliada pelos analistas. Ele disse que a estabilidade de
preços não é uma garantia suficiente
para a estabilidade dos mercados financeiros nem tem o dom de propiciar mais crescimento econômico.
Ao contrário, Greenspan alertou
para o fato de que um ambiente benigno "pode induzir os investidores a
assumir mais riscos, levando os preços dos ativos para níveis insustentáveis". Cabe acrescentar que, em vários setores, os preços das ações já
estão atualmente em níveis que podem ser considerados insustentáveis
ou sem fundamento nas perspectivas
de crescimento econômico.
O Fed decidirá nos próximos dias
29 e 30 de junho sobre as taxas de
juros. Os mercados já dão como certa
a elevação, mas parecem não prestar
a devida atenção às razões do presidente do banco central dos EUA.
Ainda assim, se os juros em si não
preocupam tanto, o mesmo não se
aplica à crítica aos investidores que
assumem riscos demais. Os EUA podem estar vivendo sua própria bolha,
conclui Greenspan, mas isso só ficará claro depois que a euforia passar.
Resta saber se, passados quase cinco anos de crises globais, a bolha vai
afinal desinflar suavemente.
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