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Migrantes e refugiados
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
A mobilidade humana é uma das características mais abrangentes de nossa época. Larga parte do povo brasileiro vive atualmente em cidades diferentes daquelas em que nasceu. Em
outros países conflitos e misérias
obrigam milhões de pessoas a imigrar.
Quem não percebe a dura condição
dos que não encontraram ainda um
lugar estável para nele residir e trabalhar?
Amanhã celebra-se no Brasil o Dia
Mundial dos Migrantes e Refugiados.
O santo padre João Paulo 2º enviou
mensagem, no dia 2 de fevereiro de
1999, recordando, em vista do Grande
Jubileu, a missão da Igreja de colaborar na acolhida dos migrantes e de
procurar que se sintam integrados nas
comunidades cristãs, com pleno respeito aos aspectos culturais próprios
de suas origens.
Para ajudar-nos a assumir esse compromisso fraterno, a mensagem pontifícia destaca alguns aspectos da nossa acolhida.
1) Nesta terra somos todos hóspedes
e peregrinos. A Igreja se reconhece assim, por sua natureza solidária com o
mundo dos migrantes, na variedade
de línguas, raças, culturas e costumes
a caminho da casa do Pai. Essa perspectiva ajuda a superar a tentação de
um nacionalismo exacerbado e a colocar em prioridade a cidadania comum
de quem se destina à pátria definitiva.
2) Já nos tempos antigos, o estrangeiro era considerado como marginalizado. Deus protegeu o povo de Israel
escravo no Egito e ensinou a acolher a
todos. Jesus, pelo seu exemplo e doutrina, coloca a caridade -amor a
Deus e aos irmãos- no centro de sua
pregação e revela a dignidade de toda
pessoa humana criada e amada por
Deus.
3) Para o cristão, cada pessoa é o
"próximo" que deve ser estimado e
respeitado. De todos devemos nos
aproximar. A parábola do bom samaritano (Lc 10, 30-37) não só mostra
que devemos fazer bem a quem passa
necessidade, mas coloca em evidência
a caridade do estrangeiro, que se torna modelo para os seguidores de Cristo. Diante da situação dos migrantes e
refugiados, somos chamados a oferecer a hospitalidade fraterna, qualquer
que seja a sua pertença religiosa, superando toda exclusão, todo preconceito ou discriminação. Como gostaríamos nós de ser recebidos se tivéssemos que deixar nossa terra e imigrar?
4) É preciso, diante da pobreza de
muitos migrantes, à imitação de Jesus
Cristo, assumir a opção preferencial
pelos pobres e necessitados e o compromisso de promover seus direitos
inalienáveis. Às comunidades paroquiais compete organizar-se para ajudar e enfrentar, em especial, o desafio
do desemprego.
5) Uma das causas que acarretam o
fluxo migratório é a grande pobreza
dos países de que provêm, agravada
pela dívida externa. Daí a insistência
do santo padre sobre a necessidade de
encontrarmos soluções para libertar
os países pobres do seu endividamento em relação às nações ricas.
A Igreja, no limiar do novo milênio,
é chamada a intensificar o seu serviço
à sociedade, a fim de que milhões de
migrantes sejam valorizados na sua
cultura e recebidos com simpatia e
amor.
Que o povo brasileiro -sob a proteção materna de Maria- dê ao mundo
o testemunho de sua fé e caridade na
acolhida fraterna e generosa aos que
vierem viver e trabalhar em nosso
país.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados
nesta coluna.
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