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CABO-DE-GUERRA
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou
na semana passada que recebeu 21
propostas de empresas interessadas
na primeira licitação das "espelinhos", companhias municipais de
telefonia fixa que irão operar em localidades onde não houve interesse
de atendimento pelas "espelhos".
Trata-se de mais uma iniciativa do
governo de promover a concorrência
na telefonia fixa local. Tal iniciativa é
louvável, mas tem obstáculos. A intensificação da concorrência nesse
mercado local enfrenta entraves em
várias partes do mundo.
A dificuldade existe porque a colocação de cabos telefônicos entre a
central telefônica e a residência do
usuário, trecho conhecido como última milha, é difícil e cara, não fazendo sentido que existam dois cabos de
empresas diferentes para que o consumidor possa escolher.
Além disso, as companhias que estão começando a operar ficam em
desvantagem competitiva em relação
àquelas que compraram as estatais
de telefonia na privatização do setor.
Afinal, as estatais já tinham estruturado suas redes de cabo.
Examina-se uma maneira de esse
problema ser resolvido: discute-se na
Anatel a hipótese de conseguir que a
rede de cabos existentes seja compartilhada com as novas concorrentes,
que pagariam pela utilização dos cabos. Tal solução poderia ter sido
adotada antes da privatização do setor. Agora, naturalmente, o tema será alvo de intensa disputa jurídica.
Mas solução semelhante já é utilizada nas ligações a longa distância e
também no setor elétrico.
Entretanto, é grande a resistência a
essa mudança por parte das companhias telefônicas que compraram as
empresas estatais. Por aí se vê o tamanho do problema a ser enfrentado pela agência reguladora. O ideal é
que se chegue a uma solução negociada que respeite o direito de propriedade e o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos.
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