São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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CSN INTERNACIONAL

Ainda está para ser estabelecido o significado da fusão entre a Companhia Siderúrgica Nacional e o grupo anglo-holandês Corus. O conglomerado nasce como a quinta maior corporação siderúrgica internacional. Ao que consta, na controladora da empresa que surge, a CSN terá poder de veto e seu voto terá, em regra, peso de 30% nas decisões.
Uma primeira avaliação do negócio parece positiva principalmente do ponto de vista do diretor-presidente da CSN, o empresário Benjamin Steinbruch. Mas, como a fusão vai ter de passar pelo crivo do BNDES, que financiou a transmissão do controle da CSN para Steinbruch, será preciso questioná-la não apenas sob estritos critérios financeiros. Cumpre definir se os interesses estratégicos que levaram o BNDES a emprestar o dinheiro permanecerão preservados no novo arranjo.
A fusão das duas siderúrgicas segue tendência mundial do setor, que é de concentração, visando, principalmente, à conquista de fatias maiores do mercado norte-americano. Ocorre que, nesse processo, há dúvidas relevantes sobre o papel do Brasil, que tem grande potencial de prospecção mineral e que, bem ou mal, desenvolveu ao longo de sua história boa capacidade de processar o minério de ferro em território nacional. Nessa redefinição de papéis, seria péssimo se esse segundo elemento se perdesse ou fosse bastante reduzido; se o Brasil fosse utilizado apenas como uma base de extração de minério bom e barato -ou de produção de aços pouco elaborados.
Nesse caso, com as etapas de maior agregação de valor executadas no exterior, o Brasil perderia oportunidade de gerar mais renda e empregos. Resta saber se, no caso da internacionalização da CSN, o interesse da Corus de baratear custos -através da obtenção de minério a preço de custo da mina brasileira de Casa da Pedra- será ao menos matizado pela possibilidade de participação da CSN na tomada de decisões.
O aspecto estratégico para o país da fusão entre Corus e CSN deve ter seu peso na análise que fará o BNDES.


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