São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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DEFESA AMERICANA

O presidente George W. Bush enviou ao Congresso seu plano para incrementar a segurança doméstica. Declarando a proteção aos EUA "nossa mais urgente prioridade nacional", Bush apresenta, depois de nove meses de elaboração, uma proposta bastante ampla, que prevê a criação de um Departamento de Segurança Interna, a reestruturação de agências e a revisão de leis.
Embora ainda seja enorme o consenso dos norte-americanos quanto à necessidade de melhorar a segurança, deve-se reconhecer que Bush já viveu melhores dias em termos de apoio no Congresso. Parlamentares do Partido Democrata classificaram partes do plano como "arrogante" e "pobremente concebido". Na verdade, queixam-se de não terem sido consultados em sua elaboração.
O processo foi de fato conduzido em meio a segredo e sem maior respeito às instituições. O secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, chegou a afirmar a senadores que o governo não tentaria modificar a "Posse Comitatus", a legislação de 1878 que restringe a participação de militares em repressão interna. No plano apresentado, contudo, o governo pede a revisão da "Posse Comitatus".
Era natural que, com o tempo, declinasse o tremendo apoio, popular e parlamentar, de que o presidente se valeu logo após os ataques de 11 de setembro. Agora, passados dez meses dos atentados, parlamentares já começam a pensar em termos mais partidários. Em novembro, haverá eleições para renovar parte do Congresso e dos governos estaduais.
Além disso, o desempenho do governo Bush, mesmo no quesito segurança, não foi dos mais brilhantes. A Casa Branca, vale lembrar, também sofreu desgastes quando se tornou público que a administração Bush escondeu informações importantes sobre os atentados.
Tudo sugere que o plano, depois de negociações, será aprovado, mas parece claro que presidente George W. Bush, felizmente, já não dispõe de carta branca.


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