|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Delenda Ciro
SÃO PAULO - A palavra de ordem no QG de José Serra é uma só: "desmistificar Ciro Gomes", o candidato da Frente Trabalhista.
Todas as demais providências anunciadas após a reunião de emergência de anteontem (botar a campanha na rua, usar mais o presidente Fernando Henrique Cardoso etc.) são secundárias ou periféricas.
A avaliação para valer é a de que
Serra só retoma o rumo do segundo
turno se sua campanha conseguir
provar que Ciro é um "farsante",
qualificação que lhe aplicam incontáveis lideranças tucanas.
É fácil ou ao menos possível produzir tal prova? Os tucanos, como é óbvio, acham que sim. Não estou tão seguro, no entanto.
Primeiro, não consta, até agora, nenhuma acusação grave contra Ciro
no território das maracutaias. É curioso, aliás, que tenha sido o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), hoje aliado de Ciro, quem lhe fez
as críticas mais duras.
Acusado por este de "sujo como pau
de galinheiro", ACM devolveu: "Ele
precisa explicar primeiro como vive,
porque ninguém acredita nesse negócio de R$ 5.000 por conferência. Isso é
conversa fiada". Acrescentou, sobre o
Canal do Trabalhador, obra de Ciro
em sua passagem pelo governo do
Ceará: "É pior obra já feita no Brasil,
sem licitação e sem nenhuma vantagem para o povo".
Mas, repito, nesse capítulo Ciro tem
escapado sem grandes problemas,
eleição após eleição.
É, pois, razoável supor que os canhões tucanos se voltarão para mentiras eventuais de Ciro. Aí, o terreno
pode ser mais fértil. O candidato do
PPS tem uma forte tendência, por
exemplo, a exagerar o seu próprio papel e a minimizar o de Fernando
Henrique no Plano Real.
O que complica o jogo, de um lado e
de outro, é que estiveram juntos, no
mesmo partido, até recentemente.
Agora, usam as palavras mais pesadas um para com o outro. Fogo cruzado faz vítimas imprevisíveis.
Texto Anterior: Editoriais: LEI DE TALIÃO Próximo Texto: Brasíalia - Eliane Cantanhêde: A Ciro o que era de Roseana Índice
|