São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Baixa dos juros
"O Copom (Comitê de Política Monetária), até pouco tempo, havia estabelecido a máxima de que os motivos para não reduzir a taxa de juros eram a necessidade de controle da inflação e a atração de capital para financiamento das contas de governo. Essa idéia não vem sendo aceita pelo mercado há muito tempo, pois o país não consegue mais atrair capitais externos. Como consequência, o dólar continua subindo, e os índices de inflação são pressionados. Temos ainda, somadas a isso, a queda da atividade industrial e uma das maiores taxas de desemprego da história."
Alberto Santos de Oliveira (São Paulo, SP)

"O que mais tenho ouvido neste país, inclusive do candidato Ciro Gomes, é a necessidade de reduzir os juros básicos da economia brasileira. Na hora em que o Copom faz isso, Ciro sente no ar "um cheiro de jogada política". Parece que Armínio Fraga e sua turma tinham que tomar uma decisão política entre duas: reduzir a taxa de juros e, possivelmente, ajudar Serra como candidato da situação, ou manter a taxa onde estava e, certamente, ajudar Ciro no seu discurso de oposição. Depois ficam buscando a razão pela qual o Brasil não vai para a frente. É só olhar a classe política..."
Simão Pedro P. Marinho (Belo Horizonte, MG)

Candidaturas
"Pelé foi muito criticado por ter falado bobagens como comentarista esportivo. Como comentarista político, porém, foi brilhante ao dizer que brasileiro não sabe votar. Veja o time que pode entrar em campo ano que vem, todos bem cotados nas pesquisas: Collor, Maluf, ACM, Jader, Roseana e Quércia, entre outros. E não podemos nos esquecer de Ciro, que traz junto com ele a tropa de choque collorida e o PFL mais histórico, aquele que chegou aqui na época das capitanias hereditárias. Enquanto isso, Lula tem tudo para se sagrar tetra. Depois tem filósofo que diz que FHC alijou as oligarquias regionais do poder..."
Fernão de Souza Vale (Campinas, SP)

A eleição e eu
"De que adianta votar no Lula, no Ciro, no Serra ou no Garotinho? Quem, afinal, vai garantir que eu vou arrumar um emprego?"
Ricardo Milat (São Paulo, SP)

Oviedo
"O que o governo brasileiro está esperando para expulsar o general Oviedo de nosso país? Por que o Brasil dá abrigo a um golpista?"
Paulo Sérgio de Carvalho Araújo (São Paulo, SP)

Foro privilegiado
"O projeto de lei 6.295/2002, que visa alterar o art. 84 do Código de Processo Penal, virá instituir figura inédita no ordenamento jurídico de nosso país: o foro privilegiado para ex-ocupantes de cargos públicos. Com a agravante de que a benesse vem estendida aos casos de improbidade administrativa. Desnecessário dizer que, na prática, o projeto, se aprovado, virá criar sérios obstáculos à atividade jurisdicional, pelo simples deslocamento da competência. A concentração de atribuições nas cortes superiores, de reduzidos quadros, já sobrecarregadas pela grande pletora de feitos que lhes toca julgar, permite-nos divisar desde logo previsíveis dificuldades na apuração e julgamento de ocupantes e ex-ocupantes de cargos públicos, por crimes comuns, de responsabilidade e improbidade administrativa. Não bastasse tanto, referido projeto fere de morte o princípio constitucional da isonomia, pelo qual "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza". Resta-nos apelar ao elevado espírito público dos srs. deputados federais para que subscrevam o recurso regimental capaz de sepultar a infeliz proposta."
José Antônio Tedeschi, juiz de Direito (São Manuel, SP)

Embratel x Telefônica
"São realmente preocupantes as atitudes de autoridades federais diante do imbróglio jurídico criado pelo episódio Embratel versus Telefônica. Na semana que passou, as afirmações do advogado-geral da União, José Bonifácio de Andrada, sobre "monopólio injustificado" e "que o consumidor tenha multiplicidade de opções" foram elogiáveis, contudo casuísticas. Onde está a multiplicidade de opções para os cidadãos do Estado de São Paulo no que se refere à telefonia fixa em que, conforme declarações da própria Anatel, o sistema de empresas concorrentes foi um fracasso, abrangendo um mercado insignificante em relação à todo-poderosa Telefônica? Não se evidenciaria aí um monopólio injustificado?"
Alexandre Othero (São Paulo, SP)

Como os EUA queriam
"O argentino Rogélio Pfirter foi eleito, por aclamação, para conduzir a Opaq (Organização para a Proibição das Armas Químicas). Um diplomata oriundo de uma nação destruída como a Argentina é tudo que os americanos queriam para o comando do organismo."
Milton Córdova Júnior (Brasília, DF)

Combate à fome
"A fome e as doenças ceifam vidas preciosas ao redor do mundo. Os desinformados e, principalmente, os de má-fé culpam a Igreja Católica, porque ela se posiciona contra o controle da natalidade (ela é favorável ao planejamento familiar), uma vez que, entendem, eliminados os comensais, estaria resolvido o problema da fome. Mas por que não aumentar a mesa? Enquanto a globalização financeira, com todo o rastro de miséria que deixa, é um sucesso, não é cogitada uma globalização da solidariedade. Faltam aos famintos recursos para a compra dos alimentos indispensáveis a uma vida digna."
Lúcio Flávio V. Lima (Brasília, DF)

SBPC
"É decepcionante saber que, na reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, o que imperou foi a defesa de as universidades públicas se tornarem apêndices de empresas."
Frederico Barbosa (São Carlos, SP)

Responsabilização criminal
"A França, sob a batuta do direitista Jacques Chirac, pretende reduzir a idade de responsabilização criminal para 13 anos. No Brasil, isso provavelmente será explorado. Se a França, um dos países mais socialmente justos do mundo, adotar tal política, isso nos obrigaria a ir pelo mesmo caminho... Tomado pelo temor de que uma sandice como essa seja empreendida no país, quero lembrar que, na França, a situação da juventude está a anos-luz na frente da nossa. É por isso que imploro aos nossos legisladores que não prendam nossas crianças pobres, famintas, desencaminhadas pelas vicissitudes da vida. Eduquem-nas, pelo amor de Deus!"
Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)

"Fiquei contente ao ler, na Folha de anteontem, a respeito do projeto que pretende reduzir a idade de responsabilidade penal de 16 para 13 anos na França. O projeto prevê também um grande gasto para construir novos reformatórios para jovens delinquentes. Essa é a tendência mundial: endurecer a guerra contra os criminosos, independentemente da idade deles. Os legisladores brasileiros deveriam lutar por algo semelhante à proposta francesa."
Sérgio Ricardo Tannuri (São Paulo, SP)



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