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São Paulo, sábado, 19 de julho de 2003

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CRÉDITO CARO

Pesquisa realizada pela Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) registrou mínimas reduções nos juros cobrados no cheque especial e em empréstimos para pessoas físicas depois da redução de meio ponto percentual da taxa Selic, em junho. O trabalho focaliza as taxas máximas para clientes não-preferenciais em 12 instituições financeiras na cidade de São Paulo.
Segundo os resultados, publicados pelo jornal "Valor", as linhas de empréstimos pessoais foram as que apresentaram maior redução. As taxas passaram de 6,22% ao mês, em média, para 6,02%. No cheque especial, a oscilação foi de 9,43% para 9,27%. Em comparação com o ano passado, esses valores permanecem substancialmente mais elevados.
Com a homeopática redução da taxa básica, a remarcação dos juros nas instituições financeiras foi praticamente imperceptível. De fato, uma variação de 0,2 ponto percentual não faz diferença para um tomador de empréstimo pessoal se a taxa mensal está no patamar de 6%. O panorama é semelhante nas linhas para empresas, que permanecem muito acima do razoável.
Esse cenário não apenas enfatiza a necessidade de uma queda mais profunda da taxa básica já na próxima reunião do Conselho de Política Monetária como reforça as apreensões acerca da disponibilidade de recursos para financiar uma futura retomada do crescimento. Por mais que alguns esperem das instituições financeiras públicas, como BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica, um desempenho importante no financiamento da atividade, o setor privado terá de exercer seu papel -clássico- de conceder crédito, com "spreads" minimamente razoáveis, ao setor produtivo.
Na situação atual, em que a oportunidade de deter títulos públicos remunerados pela taxa Selic apresenta-se aos bancos muitas vezes como mais atraente e segura do que destinar recursos para o crédito, a função precípua de financiar a produção lamentavelmente desvirtua-se.


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