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LAMENTO TUCANO
Em documento divulgado na
terça-feira, a direção do PSDB
qualificou como "decepcionante",
"incoerente", "confuso" e "fisiológico", entre outros adjetivos demeritórios, o primeiro semestre do governo
de Luiz Inácio Lula da Silva.
Do Fome Zero à articulação política, do desempenho na área de ciência e tecnologia ao tratamento dispensado aos sem-terra, sobraram repreensões para todos os lados, com
ênfase na política econômica e em
seus efeitos sobre emprego e renda.
A "oposição construtiva" voltou à
carga anteontem com um texto intitulado "O espetáculo da recessão já
começou", no qual os tucanos condenam as elevadas taxas de juros e a
acentuada restrição orçamentária.
Direito de todos, o exercício da crítica cabe especialmente a quem, depois de oito anos no poder federal,
foi levado à oposição pela vontade
das urnas. Nesse sentido, o lamento
tucano não causa espanto nem objeção. Também é fato que a administração petista oferece variados motivos para contestação, a começar pela
promessa presidencial de um "espetáculo de crescimento" com início
ainda neste mês, em contraste com a
realidade da economia estagnada.
No entanto a adjetivação pródiga
dos neo-oposicionistas revela a perplexidade de quem precisa apresentar-se como alternativa a um governo
que, na essência, repete o anterior.
Atribuir o problema à "dosagem do
remédio" não levará o PSDB longe.
Mesmo a bandeira do crescimento é
empunhada com dificuldade pelos
tucanos, seja pelos escassos resultados obtidos nessa área por FHC, seja
porque os governadores do partido
estão abraçados com o Planalto no
propósito de fazer caixa a todo custo.
Enquanto persistir esse cenário, de
nada adiantará espernear contra Lula
por "não fazer outra coisa senão viajar" -como se Fernando Henrique
Cardoso não tivesse acumulado respeitável milhagem quando presidente. Se o PT navega com "mapas emprestados", como acusa o PSDB,
também se pode dizer que os tucanos ainda procuram uma carta que
lhes indique o rumo da oposição.
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