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São Paulo, sábado, 19 de julho de 2003

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LAMENTO TUCANO

Em documento divulgado na terça-feira, a direção do PSDB qualificou como "decepcionante", "incoerente", "confuso" e "fisiológico", entre outros adjetivos demeritórios, o primeiro semestre do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Do Fome Zero à articulação política, do desempenho na área de ciência e tecnologia ao tratamento dispensado aos sem-terra, sobraram repreensões para todos os lados, com ênfase na política econômica e em seus efeitos sobre emprego e renda. A "oposição construtiva" voltou à carga anteontem com um texto intitulado "O espetáculo da recessão já começou", no qual os tucanos condenam as elevadas taxas de juros e a acentuada restrição orçamentária.
Direito de todos, o exercício da crítica cabe especialmente a quem, depois de oito anos no poder federal, foi levado à oposição pela vontade das urnas. Nesse sentido, o lamento tucano não causa espanto nem objeção. Também é fato que a administração petista oferece variados motivos para contestação, a começar pela promessa presidencial de um "espetáculo de crescimento" com início ainda neste mês, em contraste com a realidade da economia estagnada.
No entanto a adjetivação pródiga dos neo-oposicionistas revela a perplexidade de quem precisa apresentar-se como alternativa a um governo que, na essência, repete o anterior. Atribuir o problema à "dosagem do remédio" não levará o PSDB longe. Mesmo a bandeira do crescimento é empunhada com dificuldade pelos tucanos, seja pelos escassos resultados obtidos nessa área por FHC, seja porque os governadores do partido estão abraçados com o Planalto no propósito de fazer caixa a todo custo.
Enquanto persistir esse cenário, de nada adiantará espernear contra Lula por "não fazer outra coisa senão viajar" -como se Fernando Henrique Cardoso não tivesse acumulado respeitável milhagem quando presidente. Se o PT navega com "mapas emprestados", como acusa o PSDB, também se pode dizer que os tucanos ainda procuram uma carta que lhes indique o rumo da oposição.


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