São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VINICIUS MOTA

O terceiro mandato já começou

SÃO PAULO - O lulismo continuará no poder em 2011, não importa o vencedor das eleições presidenciais do ano anterior. Quem busca elucidar esse enigma nas movimentações de granadeiros petistas de baixa patente, como o folclórico deputado Devanir Ribeiro, erra o alvo.
A resposta está diante dos olhos, em operações como a compra da Brasil Telecom pela Oi, financiada e permitida por um mutirão governista capitaneado pelo Planalto.
Com R$ 4,3 bilhões do Banco do Brasil e R$ 2,6 bilhões do BNDES, mais da metade da necessidade de capital para a transação será garantida pela gestão Lula. O governo também entra com mão-de-obra normativa -vai mudar o decreto que impede fusões- e a boa vontade de acionistas como fundos de pensão e, de novo, o BNDES.
Tanto empenho há de ser recompensado. A influência, no "big business" telefônico, de diversos núcleos políticos e quadros partidários hoje no governo vai perdurar por longos anos. Na dúvida, consultem-se diretorias e conselhos administrativos e fiscais de grandes empresas beneficiárias das privatizações, da política de juros ou da normatização ("regulação") dos anos FHC. Muitos fernandistas estão firmes em seu quarto mandato.
A queda de Palocci, adepto das relações preferenciais com os bancos, coincidiu com uma mudança de estilo do governo Lula nesse quesito. O apetite para intervir em grandes negócios público-privados deu um salto sob Dilma Rousseff, mãe do PAC e musa dos empreiteiros.
O governo patrocina a reorganização do capital na telefonia, na petroquímica e em outros setores da economia, aprofundando e estendendo no tempo a confluência estatal, sindical e partidária no mundo dos negócios. A simbiose crescente entre principais partidos, sindicatos e empresas do país, sob fiança do erário, é a principal ameaça à capacidade do Estado de arbitrar conflitos a favor do interesse público.

vinimota@folhasp.com.br


Texto Anterior: Editoriais: Prêmio ao imobilismo

Próximo Texto: Brasília - Igor Gielow: O homem oco
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.