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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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SABOTAGEM NO IRAQUE

A resistência à ocupação do Iraque pode estar mudando suas táticas. Nos últimos dias, além dos ataques, que já se tornaram rotineiros, contra militares americanos, houve operações de sabotagem contra a infra-estrutura do país bem como ações que visavam alvos civis.
Na sexta-feira, ativistas iraquianos explodiram mais um trecho do oleoduto que leva petróleo produzido no Iraque para a Turquia, de onde ele é exportado. Pouco antes da meia-noite do sábado, morteiros foram disparados contra a prisão de Abu Ghraib, onde os Estados Unidos mantêm suspeitos de ações contra seus soldados. No sábado, o alvo foi o sistema de abastecimento de água de Bagdá.
A confirmarem-se as mudanças de tática, os ativistas iraquianos estariam ampliando seus objetivos. A idéia seria não apenas atacar as tropas ocupantes, mas também golpear os EUA em seus planos econômicos.
Cada dia sem exportar petróleo pelo oleoduto de Kirkuk custa US$ 7 milhões aos cofres iraquianos. E o atraso na implementação de um governo civil iraquiano acaba sendo bancado pelos EUA, na forma do prolongamento da ocupação militar, estimada em US$ 5 bilhões por mês.
Além disso, os sabotadores parecem apostar que as privações a que a população iraquiana é submetida com os danos provocados na infra-estrutura acabarão se transformando, no médio prazo, em revolta contra a presença norte-americana.
Se o cenário de ações de guerrilha e sabotagem se confirmar e prolongar-se no tempo, os EUA poderão ter de repensar sua posição. Os planos de uma guerra curta seguida de uma ocupação também curta vão correndo risco. Diferentemente do Afeganistão, no caso do Iraque Washington precisa apresentar sucessos no campo bélico e também administrativo, sob pena de comprometer a idéia de que Estados democráticos e pró-EUA na região são viáveis.
Para dificultar as coisas, 2004 é ano eleitoral nos EUA e todos estarão atentos às notícias que virão do Iraque. Para Bush, que disputará a reeleição, elas poderão ser amargas.


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