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QUEM PROCESSA
O procurador Luiz Francisco
de Souza, que pediu abertura
de processo contra um grupo de pessoas próximas ao candidato à Presidência José Serra, vem perdendo credibilidade. Suspeitas de motivação
política em seus procedimentos e
uso de artifícios indevidos acrescentaram nódoas aos feitos reconhecidos de seu currículo -como a participação no desbaratamento, no
Acre, da quadrilha do deputado cassado Hildebrando Pascoal.
Luiz Francisco foi filiado ao PT até
98. São notórios, em seu proceder,
um esquerdismo messiânico e o apego a meios heterodoxos de administração da justiça. No ano passado,
protagonizou um acontecimento deletério para a imagem do Ministério
Público. Gravou e divulgou conversa
reservada em que o então senador
Antonio Carlos Magalhães indicava
ter havido quebra do sigilo da votação em que Luiz Estevão perdeu seu
mandato de senador. Para tentar justificar o ato, o procurador usou um
argumento à George W. Bush: teria
agido preventivamente, para evitar
que ACM saísse a divulgar uma versão distorcida do encontro.
A denúncia ora em questão se baseia em informações publicadas pela
Folha há quatro meses. Trata-se do
caso em que o então diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira, que foi arrecadador de fundos para campanhas tucanas, teria intercedido para reduzir a dívida junto ao
banco de um empresário que foi sócio e é contraparente de José Serra.
Há indícios de que ao menos uma
transação lesiva aos cofres e ao interesse públicos ocorreu no episódio.
Luiz Francisco, a três semanas do
primeiro turno, reuniu a imprensa
para anunciar o que era apenas uma
intenção de processar. O procurador
diz não possuir prova que envolva José Serra diretamente no caso. Mas
tem sido suficientemente ambíguo
para não deixar de mencionar o nome do tucano dezenas de vezes na
ação e para afirmar que Serra teria sido beneficiário indireto das transações. Luiz Francisco, portanto, criou
um fato político-eleitoral.
Até o dia 6 de outubro, provavelmente nada nesse caso poderá ser esclarecido. Já a notícia do processo
tem potencial para influir nas decisões de voto. A melhor maneira de
evitar que haja dividendos e prejuízos
eleitorais injustos a partir desse episódio é expor criticamente todas as
suas facetas. E o histórico, infeliz no
passado recente, das atuações de
Luiz Francisco de Souza é uma delas.
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