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ENTRE CÃES E HOMENS
O tema é menor, mas não os
princípios que existem por
trás dele. A Assembléia Legislativa de
São Paulo aprovou projeto de lei que
proíbe comercialização, reprodução
e importação em todo o Estado de
cães das raças pitbull, rottweiler e
mastim napolitano, tidas como especialmente agressivas. Para entrar
em vigor, o texto precisa da sanção
do governador Geraldo Alckmin.
A proposta dos deputados estaduais parece excessiva. É verdade
que, no caso dos cães, a raça surge
como fator determinante para sua
aparência e também para seus comportamentos. Ainda assim, como os
humanos, cachorros têm a sua individualidade. Dois cães da mesma raça, da mesma ninhada até, podem
apresentar personalidades distintas.
Como os humanos, as características de um cachorro são o produto da
interação entre o potencial genético
do animal e o meio em que ele vive.
Embora pitbulls tendam a ser agressivos, não há lei natural que impeça a
existência de um pitbull dócil ou de
um lulu-da-pomerânia agressivo. O
caráter de cada animal depende também da educação que recebe.
A Assembléia Legislativa paulista,
ao optar por solução radical e terminativa, trilha o caminho da intolerância. Ninguém discorda de que a prioridade é proteger a vida e a integridade de seres humanos, mas a melhor
forma de fazê-lo não é condenando
essas três raças ao desaparecimento.
O melhor caminho para evitar ataques caninos é responsabilizar os
donos pelos atos de seus animais,
para o que já existem os instrumentos jurídicos. Cabe fazer cumpri-los.
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