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ELIANE CANTANHÊDE
Vale tudo, até Lula
BRASÍLIA - Nas últimas reuniões do comando da campanha de José Serra
à Prefeitura de São Paulo, os tucanos
identificaram "um certo desespero",
ou "uma visível insegurança" nos adversários do PT.
"Tanto eles estão inseguros que começaram a gastar cedo demais o
maior trunfo deles, o Palocci", disse
na quarta-feira o ex-ministro da Justiça de FHC José Gregori, que é do comando tucano. Referia-se ao uso de
Palocci no horário de TV da prefeita
Marta Suplicy.
Pois os tucanos ainda não tinham
visto nada. O "maior trunfo" do PT
não é Palocci, e sim Lula, que já entrou em campanha em carne e osso,
nas inaugurações da prefeitura.
Enquanto Serra e Marta disputam
os votos de Maluf, Marta tem o voto
de Lula. Faz diferença. Principalmente diante das boas notícias na
economia (afora o aumento de juros,
que é abstrato) e das últimas pesquisas sobre o governo federal.
Conforme a CNI-Ibope divulgada
na sexta-feira, tanto a confiança em
Lula quanto em seu governo interromperam a tendência de queda que
vinha desde 2003, subindo quatro
pontos percentuais, cada uma, em
três meses. Lula subiu de 54% para
58%. O governo, de 51% para 55%.
Ao desfazer-se a percepção de que o
PT e Lula são muito bonzinhos, mas
ruins de serviço ao administrar o
país, eles poderão ser importantes reforços para a candidata. Inclusive
para aproximar os índices eleitorais
de Marta aos de aprovação à sua gestão na prefeitura.
Como se vê, o PT não está aí para
brincadeiras na eleição, sobretudo na
de São Paulo. Em vez de falar em
"desespero" ou "insegurança" do adversário, o PSDB e Serra deveriam
botar as barbas de molho. Até porque, depois de oito anos no poder,
eles sabem bem qual o peso do governo e das vantagens da reeleição.
Serra segue favorito por causa dos
trunfos no segundo turno, como a
baixa rejeição e a maior capacidade
de atrair votos de Maluf. Mas é cedo
para apostas definitivas na principal
capital do país.
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