São Paulo, sábado, 19 de setembro de 2009

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Editoriais

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Greve nos Correios

MAL FOI confirmado pelo Supremo Tribunal Federal o monopólio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) nos serviços postais, no mês passado, e eis que irrompe nova greve no setor. O sindicato da categoria estimou ontem que a paralisação atrasaria a entrega de 20 milhões de correspondências e 243 mil encomendas.
Funcionários colocam na mesa demandas ambiciosas, para não dizer impraticáveis, como aumento de 41% no salário, reajuste linear de R$ 300 e redução de jornada sem redução de salário. Segundo a ECT, se as reivindicações financeiras dos grevistas fossem atendidas, o custo para a empresa seria de cerca de R$ 54 bilhões por ano, quase cinco vezes a receita anual da estatal.
Eis um exemplo de como o monopólio aumenta de modo absurdo o poder de pressão dos sindicatos -o cidadão não tem como escapar dos efeitos de uma greve como essa. Não por acaso, as paralisações têm sido recorrentes: só nesta década ocorreram greves em 2003, 2005, 2007 e 2008, além da atual.
Há, de resto, outra razão pela qual os Correios deveriam ser expostos a mais concorrência. Num marco regulatório ajustado às peculiaridades do setor, a competição postal estimularia ganhos de eficiência, que beneficiariam o consumidor.
Se cartas e encomendas comuns não atraem o setor privado -algo que ainda está por ser provado-, pode-se optar por um modelo em que o concessionário de um serviço lucrativo seja obrigado a administrar atividades menos atraentes, embora importantes para o país.
Com a greve de hoje, e as que prenuncia, se repõe a necessidade de rever a lei de serviços postais e flexibilizar um monopólio custoso para a sociedade.



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