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Editoriais
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Greve nos Correios
MAL FOI confirmado pelo
Supremo Tribunal Federal o monopólio da
Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT) nos serviços
postais, no mês passado, e eis que
irrompe nova greve no setor. O
sindicato da categoria estimou
ontem que a paralisação atrasaria a entrega de 20 milhões de
correspondências e 243 mil encomendas.
Funcionários colocam na mesa
demandas ambiciosas, para não
dizer impraticáveis, como aumento de 41% no salário, reajuste linear de R$ 300 e redução de
jornada sem redução de salário.
Segundo a ECT, se as reivindicações financeiras dos grevistas
fossem atendidas, o custo para a
empresa seria de cerca de R$ 54
bilhões por ano, quase cinco vezes a receita anual da estatal.
Eis um exemplo de como o monopólio aumenta de modo absurdo o poder de pressão dos sindicatos -o cidadão não tem como escapar dos efeitos de uma
greve como essa. Não por acaso,
as paralisações têm sido recorrentes: só nesta década ocorreram greves em 2003, 2005, 2007
e 2008, além da atual.
Há, de resto, outra razão pela
qual os Correios deveriam ser
expostos a mais concorrência.
Num marco regulatório ajustado
às peculiaridades do setor, a
competição postal estimularia
ganhos de eficiência, que beneficiariam o consumidor.
Se cartas e encomendas comuns não atraem o setor privado
-algo que ainda está por ser provado-, pode-se optar por um
modelo em que o concessionário
de um serviço lucrativo seja obrigado a administrar atividades
menos atraentes, embora importantes para o país.
Com a greve de hoje, e as que
prenuncia, se repõe a necessidade de rever a lei de serviços postais e flexibilizar um monopólio
custoso para a sociedade.
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