São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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CONTROLE DE QUALIDADE

O notável crescimento da demanda por farmácias de manipulação está a exigir uma regulamentação mais cuidadosa do setor. Como revelou reportagem publicada pela Folha no domingo, o número de estabelecimentos que aviam receitas aumentou 73% nos últimos cinco anos, e o nicho, com um faturamento anual de R$ 1,3 bilhão, representa hoje 9% do mercado brasileiro de medicamentos.
Um dos principais atrativos que levam os consumidores às farmácias de manipulação é o preço. Drogas encomendadas nesses lugares podem sair por um décimo do similar industrializado, o que fere a lógica econômica segundo a qual ganhos de escala permitem cobrar menos pelo produto. É razoável supor que os grandes laboratórios estejam exagerando em suas margens de lucro, mas existe um outro elemento que ajuda a explicar a diferença de preços: os controles de qualidade.
Nesse quesito, as farmácias de manipulação não podem, em geral, concorrer com a indústria, que tem melhores condições para aferir a qualidade da matéria-prima e do produto final, embora grandes laboratórios também já tenham apresentado problemas. Infelizmente, não é incomum encontrar pessoas fazendo uso de medicações manipuladas que não funcionam como deveriam.
Num mundo ideal, se utilizariam apenas remédios de qualidade atestada, e o sistema público de saúde forneceria todas as drogas a quem precisa. Farmácias de manipulação atuariam principalmente quando fossem necessárias dosagens fora do padrão industrial, como no caso de recém-nascidos, ou quando um paciente se beneficia de uma associação específica de drogas.
Como não vivemos nesse mundo, há pessoas que só estão usando os medicamentos de que necessitam porque pagam muito menos por eles em farmácias de manipulação. É necessário, portanto, regulamentar o setor para reduzir riscos e introduzir mais controles de qualidade.


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