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CONTROLE DE QUALIDADE
O notável crescimento da demanda por farmácias de manipulação está a exigir uma regulamentação mais cuidadosa do setor.
Como revelou reportagem publicada
pela Folha no domingo, o número de
estabelecimentos que aviam receitas
aumentou 73% nos últimos cinco
anos, e o nicho, com um faturamento anual de R$ 1,3 bilhão, representa
hoje 9% do mercado brasileiro de
medicamentos.
Um dos principais atrativos que levam os consumidores às farmácias
de manipulação é o preço. Drogas
encomendadas nesses lugares podem sair por um décimo do similar
industrializado, o que fere a lógica
econômica segundo a qual ganhos
de escala permitem cobrar menos
pelo produto. É razoável supor que
os grandes laboratórios estejam exagerando em suas margens de lucro,
mas existe um outro elemento que
ajuda a explicar a diferença de preços: os controles de qualidade.
Nesse quesito, as farmácias de manipulação não podem, em geral,
concorrer com a indústria, que tem
melhores condições para aferir a
qualidade da matéria-prima e do
produto final, embora grandes laboratórios também já tenham apresentado problemas. Infelizmente, não é
incomum encontrar pessoas fazendo uso de medicações manipuladas
que não funcionam como deveriam.
Num mundo ideal, se utilizariam
apenas remédios de qualidade atestada, e o sistema público de saúde
forneceria todas as drogas a quem
precisa. Farmácias de manipulação
atuariam principalmente quando
fossem necessárias dosagens fora do
padrão industrial, como no caso de
recém-nascidos, ou quando um paciente se beneficia de uma associação específica de drogas.
Como não vivemos nesse mundo,
há pessoas que só estão usando os
medicamentos de que necessitam
porque pagam muito menos por eles
em farmácias de manipulação. É necessário, portanto, regulamentar o
setor para reduzir riscos e introduzir
mais controles de qualidade.
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