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"SPREAD" E CRESCIMENTO
Não deixa de ser um sinal auspicioso que o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles,
tenha mencionado a redução dos
"spreads" bancários como o grande
desafio que se apresenta na área financeira. Não há dúvida de que a diferença entre as taxas de captação e
as cobradas no crédito tem sido extremamente elevada no Brasil.
Há diversas tentativas de explicação
para o caso. Os bancos queixam-se
dos tributos, dos depósitos compulsórios e dos riscos que a inadimplência representa diante das garantias
precárias oferecidas ao credor.
É de mencionar ainda práticas oligopolistas (às quais o próprio presidente do BC fez referência), os altos
patamares dos juros básicos e o endividamento público. De fato, aplicar
em títulos governamentais remunerados por valores equivalentes aos da
Selic pode ser uma oportunidade
bem mais atraente para instituições
financeiras do que oferecer crédito
com "spreads" reduzidos.
É verdade que o governo tem procurado alternativas para reduzir taxas finais, como no empréstimo pessoal com garantia em folha salarial, e
em programas de microcrédito. Em
que pesem alguns resultados animadores, são iniciativas limitadas e ainda incipientes, que exigirão tempo
para melhor apreciação.
Conceda-se maior peso a esse ou
àquele argumento, o fato é que eles
se entrelaçam para fazer com que os
"spreads" sejam, de fato, exagerados, o que remete à renitente dificuldade de o sistema bancário atuar como financiador da economia real.
Tem, portanto, caráter estratégico
o desafio citado pelo presidente do
BC. A questão dos "spreads" não é
um fato isolado. Ela está relacionada,
em última instância, à criação de um
ambiente estável propício aos negócios, ao crédito e ao investimento.
Contra isso, conspiram, entre outros
fatores, o elevado endividamento, a
persistente vulnerabilidade externa, a
insegurança regulatória e a irracionalidade tributária do país.
São empecilhos de monta, que precisam ser removidos. Abdicar dessa
tarefa será prosseguir numa dinâmica medíocre e descontínua de resultados econômicos.
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