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RISCOS DA AIDS
É de estranhar o resultado da
pesquisa realizada pela BBC
que coloca o Brasil como o país com
maior contingente de pessoas que
não acreditam que a Aids seja uma
doença fatal. Pelo estudo da rede britânica, 61% dos brasileiros não consideram a síndrome uma "ameaça
para a vida". É o número mais alto
entre os 15 países investigados. Nos
EUA, apenas 2% responderam à pergunta do mesmo modo.
A ignorância dos brasileiros em relação à mortalidade da Aids contrasta com os bons resultados obtidos
pelo país no controle e principalmente no tratamento da doença.
Uma explicação para o fenômeno
pode estar no próprio sucesso dos
programas implantados no Brasil de
combate à moléstia.
Com efeito, depois que a rede pública de saúde passou a distribuir o
coquetel antiviral a todos os pacientes, começaram a rarear os casos de
pessoas que morriam rapidamente
em consequência da Aids -entre
eles os mais explorados por setores
da mídia, envolvendo celebridades e
personalidades públicas. Quem se
guia por esse tipo de notícia poderia
até julgar que a doença deixou de ser
um problema. Nada mais falso.
É verdade que a Aids se tornou uma
doença crônica e tratável, mas isso
não significa que tenha deixado de
ser fatal. Uma parte dos pacientes,
devido ao fenômeno da resistência,
já não responde bem ao tratamento.
E as drogas, mesmo quando surtem
o efeito esperado, costumam trazer
uma série de efeitos adversos que,
com o tempo, podem levar à morte.
Talvez a aclamação nacional e internacional ao programa anti-Aids
brasileiro tenha contribuído para esconder esse lado mais sombrio da
doença. E registre-se que, em diferentes graus, esse é um fenômeno
mundial. A preocupação com o relaxamento da população deu o tom do
2º Encontro Internacional de Política
de HIV/Aids, que ocorreu na semana
passada em Varsóvia, na Polônia.
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