UOL




São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RISCOS DA AIDS

É de estranhar o resultado da pesquisa realizada pela BBC que coloca o Brasil como o país com maior contingente de pessoas que não acreditam que a Aids seja uma doença fatal. Pelo estudo da rede britânica, 61% dos brasileiros não consideram a síndrome uma "ameaça para a vida". É o número mais alto entre os 15 países investigados. Nos EUA, apenas 2% responderam à pergunta do mesmo modo.
A ignorância dos brasileiros em relação à mortalidade da Aids contrasta com os bons resultados obtidos pelo país no controle e principalmente no tratamento da doença. Uma explicação para o fenômeno pode estar no próprio sucesso dos programas implantados no Brasil de combate à moléstia.
Com efeito, depois que a rede pública de saúde passou a distribuir o coquetel antiviral a todos os pacientes, começaram a rarear os casos de pessoas que morriam rapidamente em consequência da Aids -entre eles os mais explorados por setores da mídia, envolvendo celebridades e personalidades públicas. Quem se guia por esse tipo de notícia poderia até julgar que a doença deixou de ser um problema. Nada mais falso.
É verdade que a Aids se tornou uma doença crônica e tratável, mas isso não significa que tenha deixado de ser fatal. Uma parte dos pacientes, devido ao fenômeno da resistência, já não responde bem ao tratamento. E as drogas, mesmo quando surtem o efeito esperado, costumam trazer uma série de efeitos adversos que, com o tempo, podem levar à morte.
Talvez a aclamação nacional e internacional ao programa anti-Aids brasileiro tenha contribuído para esconder esse lado mais sombrio da doença. E registre-se que, em diferentes graus, esse é um fenômeno mundial. A preocupação com o relaxamento da população deu o tom do 2º Encontro Internacional de Política de HIV/Aids, que ocorreu na semana passada em Varsóvia, na Polônia.


Texto Anterior: Editoriais: "SPREAD" E CRESCIMENTO
Próximo Texto: Miami - Clóvis Rossi: O México não foi ao paraíso
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.