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PELA METADE
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva tem o que comemorar
com a votação em segundo turno pelo Senado das emendas que introduzem mudanças nas áreas previdenciária e tributária. O governo de fato
deu passos à frente. É um exagero,
no entanto, falar na existência de
uma reforma tributária. Nada semelhante a isso ocorreu. O que se votou
foi uma fatia de uma colcha de retalhos tributária -justamente aquela
que assegura ao governo um mínimo de conforto fiscal até 2007.
Para o Planalto era indispensável
prorrogar a CPMF e a DRU (Desvinculação de Receitas da União) -mecanismo que dá maior margem de
manobra para despesas orçamentárias. E isso foi feito. Os Estados também não foram esquecidos: conseguiram 25% da arrecadação da Cide,
tributo que incide sobre combustíveis, e a criação de um fundo de compensação das exportações.
Quanto às medidas que dizem respeito à produção, como a desoneração de bens de capital e da folha de
pagamento, há melhorias, mas elas
ainda dependem de regulamentação. Aguardemos. Também a tão polêmica reforma do ICMS, que envolve a guerra fiscal entre Estados, ficou
para uma segunda fase. Claramente
a negociação do ICMS num contexto
recessivo, com as finanças dos governos mais enfraquecidas, parecia
inoportuna e fadada ao fracasso
-como a Folha já havia observado.
Completa o pacote deste ano a medida provisória que acaba com a cumulatividade da Cofins, mas eleva a
alíquota de 3% para 7,6%, o que irá
onerar o setor de serviços.
Embora o governo insista no contrário, as análises indicam que haverá aumento da carga tributária. A febre arrecadadora, que vem desde a
gestão anterior, é mais uma das distorções que pesam sobre o país em
razão do endividamento e da ineficiência do setor público.
Não foi ainda desta vez que uma reforma tributária capaz de racionalizar o sistema e incentivar a produção foi realizada. Fica a esperança de que
as próximas etapas possam representar avanços expressivos -mas fica também o ceticismo quanto às
chances de que isso ocorra.
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