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A VOZ DO MERCADO
O Banco Central sondou o
mercado, que, por sua vez, teria informado que espera uma queda
de meio ponto percentual na taxa Selic, hoje em 16,5%. O corte poderia
ser de no máximo um ponto percentual, sugerem alguns. Sendo assim,
caso o Comitê de Política Monetária
se decida por uma redução maior
dos juros básicos, a reação dos analistas será de "surpresa". Não seria
um fato negativo se isso ocorresse.
As condições atuais da economia
brasileira mostram-se bastante propícias a uma redução mais substancial dos juros. A inflação continua
dando sinais de que está sob controle. O aumento do IPCA em dezembro foi em grande parte motivado
por tarifas públicas -e não fugiu às
expectativas.
Na frente externa, a liquidez internacional facilitou o acesso de bancos
e de empresas brasileiras a recursos
internacionais e gerou fluxo de capitais para títulos do governo e para a
Bovespa, pressionando para baixo a
cotação do dólar. Não por acaso, a
autoridade monetária passou a atuar
no mercado de câmbio com o intuito
declarado de aumentar as reservas
em divisas. É uma linha correta, mas
que evidencia um quadro de relativo
desequilíbrio.
Do ponto de vista da atividade econômica, por mais que os sinais de recuperação existam, parece claro que
o consumo ainda se encontra retraído. O desgaste do poder aquisitivo
das famílias, que tem sido constatado a cada pesquisa do IBGE, não estimula previsões preocupantes sobre
um ritmo de demanda que possa gerar pressões sobre os preços e colocar em risco a meta de inflação.
Trata-se, portanto, de uma oportunidade para o BC acelerar o passo
sem correr riscos. Uma redução
mais ambiciosa da taxa Selic seria
um sinal importante para a economia neste início de ano. Os juros permanecem elevados, com taxas e
"spreads" especialmente altos para
empresas e pessoas físicas. É preciso
que o otimismo que tomou conta
dos mercados financeiros se transfira, enfim, para a área produtiva -e
isso ainda não aconteceu.
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