São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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A VOZ DO MERCADO

O Banco Central sondou o mercado, que, por sua vez, teria informado que espera uma queda de meio ponto percentual na taxa Selic, hoje em 16,5%. O corte poderia ser de no máximo um ponto percentual, sugerem alguns. Sendo assim, caso o Comitê de Política Monetária se decida por uma redução maior dos juros básicos, a reação dos analistas será de "surpresa". Não seria um fato negativo se isso ocorresse.
As condições atuais da economia brasileira mostram-se bastante propícias a uma redução mais substancial dos juros. A inflação continua dando sinais de que está sob controle. O aumento do IPCA em dezembro foi em grande parte motivado por tarifas públicas -e não fugiu às expectativas.
Na frente externa, a liquidez internacional facilitou o acesso de bancos e de empresas brasileiras a recursos internacionais e gerou fluxo de capitais para títulos do governo e para a Bovespa, pressionando para baixo a cotação do dólar. Não por acaso, a autoridade monetária passou a atuar no mercado de câmbio com o intuito declarado de aumentar as reservas em divisas. É uma linha correta, mas que evidencia um quadro de relativo desequilíbrio.
Do ponto de vista da atividade econômica, por mais que os sinais de recuperação existam, parece claro que o consumo ainda se encontra retraído. O desgaste do poder aquisitivo das famílias, que tem sido constatado a cada pesquisa do IBGE, não estimula previsões preocupantes sobre um ritmo de demanda que possa gerar pressões sobre os preços e colocar em risco a meta de inflação.
Trata-se, portanto, de uma oportunidade para o BC acelerar o passo sem correr riscos. Uma redução mais ambiciosa da taxa Selic seria um sinal importante para a economia neste início de ano. Os juros permanecem elevados, com taxas e "spreads" especialmente altos para empresas e pessoas físicas. É preciso que o otimismo que tomou conta dos mercados financeiros se transfira, enfim, para a área produtiva -e isso ainda não aconteceu.


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