São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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VOLATILIDADE CAMBIAL

Nas últimas semanas, houve acentuada volatilidade na cotação das principais moedas internacionais, com tendência de desvalorização do dólar. O euro chegou a ser cotado a US$ 1,30 no início da semana passada, tendo posteriormente recuado para US$ 1,23.
De acordo com dados relativos a novembro (os mais recentes disponíveis), a desvalorização da moeda americana permitiu um crescimento das exportações dos EUA e um ligeiro recuo das importações, diminuindo o déficit de bens e serviços. Todavia, de janeiro a novembro de 2003, o déficit nas transações de bens e serviços do país com o exterior havia atingido US$ 446,8 bilhões, o maior da história, segundo o Departamento de Comércio dos EUA.
Na zona do euro, houve queda de 10% nas exportações e o superávit na balança comercial caiu para US$ 67,6 bilhões entre janeiro e novembro de 2003 -uma contração de 26% em relação ao mesmo período de 2002.
A despeito de uma melhora nas expectativas econômicas mundiais, lideradas pela recuperação americana e pela expansão do comércio internacional, a valorização do euro pode limitar a incipiente retomada econômica da União Européia, que cresceu apenas 0,4% no terceiro trimestre de 2003. Isso porque a forte apreciação do euro pode reduzir os lucros das corporações e a confiança dos empresários, contraindo os investimentos e a geração de empregos.
De acordo com William White, economista-chefe do BIS (Banco de Compensações Internacionais), espécie de banco central dos bancos centrais, em entrevista publicada por esta Folha, a persistente desvalorização do dólar, impondo dificuldades no financiamento do déficit americano, ameaça elevar as taxas de juros de longo prazo, exigindo que o Federal Reserve, banco central dos EUA, promova a subida das taxas de curto prazo. Como o estoque de dívidas dos agentes econômicos americanos atingiu US$ 33,7 trilhões em setembro de 2003 (três vezes o PIB), um aumento rápido de juros nos EUA poderia representar uma ameaça à recuperação da economia do país e, portanto, do resto do mundo.


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