São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Avião presidencial
"O novo avião do presidente vai custar cerca de R$ 160 milhões, a Petrobras torra R$ 50 milhões em publicidade pela comemoração dos seus 50 anos, o Congresso Nacional vai gastar mais R$ 50 milhões com a convocação extraordinária e a Prefeitura de São Paulo gastou R$ 136 milhões em publicidade em três anos. Somente nesses quatro exemplos -e deve haver muito mais-, a administração do PT torra R$ 397 milhões. E o presidente fala em CPMF mundial para acabar com a fome."
Paulo Roberto Leme (São Paulo, SP)

 

"Como cidadão e contribuinte, gostaria de exprimir minha preocupação e desaprovação sobre a eventual compra do avião presidencial por um valor, para nós, pobres subdesenvolvidos, extremamente considerável. Na década de 80, nosso presidente seguramente classificaria esse ato como a manifestação de um "burguês progressista". Trata-se de mais uma contradição da política brasileira, que se diz voltada para o povo. Em um país com tal grau de desigualdade social, de analfabetismo e de pobreza, investir tanto dinheiro em um novo e luxuoso avião em lugar de buscar soluções mais baratas -como um contrato com companhias aéreas nacionais ou um incentivo à Embraer- me parece total desprezo pelo dinheiro do povo. Lembremos que o rei da Suécia, quando nos visitou, fez sua viagem em avião comercial. O presidente deveria aplicar esse dinheiro em educação e em saúde, como havia prometido. Já bastam os gastos com convocações extras do Congresso e com outros desmandos, que esse partido prometeu corrigir e não fez. Na eleição de Collor, votei em Lula e não me arrependi. Dessa vez, votei em Serra e acho que não me arrependerei."
Thales De Brito (São Paulo, SP)

Surpresas
"Segundo publicação feita por um dos maiores jornais do mundo, o inglês "Financial Times", a política econômica ortodoxa adotada nos primeiros 12 meses de governo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva decepcionou os trabalhadores e a esquerda. No entanto surpreendeu positivamente os especuladores, os investidores e a elite burguesa conservadora brasileira -como também o Fundo Monetário Internacional. Um trecho do mesmo tablóide diz que "ironicamente, foram os trabalhadores que pagaram o preço mais caro, muitos com o emprego, para ter um ex-sindicalista como o primeiro presidente operário eleito no Brasil"."
Turíbio Liberatto (São Caetano do Sul, SP)

Igual, mas diferente
"A proposta para a criação de uma CPMF mundial contra a fome privilegia a arrecadação em lugar da eliminação do desperdício de alimentos, que, só no Brasil, ultrapassa a casa dos 26 milhões de toneladas por ano. Trata-se mais de uma questão de administração de qualidade. Considerando a proposta feita e a enganação da CPMF nacional (para a saúde?), pode-se prever o seu retumbante fracasso. E, para aqueles que imaginam tais "inovações", cumpre lembrar a definição de William Edwards Deming que define estupidez como "fazer as coisas sempre da mesma maneira e esperar resultados diferentes"."
Jacob Daghlian (São Paulo, SP)

Falácia pelo ensino pago
"As instituições públicas de ensino superior apresentam maior diversidade étnica e cultural do que as privadas ("Cresce número de negros e,m faculdades", Cotidiano, 19/1) como decorrência da maior presença, já na entrada nos cursos superiores, de alunos de renda mais baixa. Segundo o PNAD, 38% dos alunos de universidades públicas provêm de famílias com renda per capita de até dois salários mínimos, o que demonstra a falta de fundamento para os ataques ao suposto elitismo do ensino público. A universidade pública exerce uma função estratégica no sentido de diminuir ou de ao menos atenuar as desigualdades sociais. A cobrança de mensalidades nas universidades públicas, propugnada por alguns com o enganoso discurso do combate ao elitismo, irá aprofundar as desigualdades sociais. A reportagem da Folha vem em boa hora desmentir os argumentos falaciosos em prol da privatização da universidade pública."
Pedro Paulo A. Funari, professor-doutor, coordenador associado do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp (São Paulo, SP)

Professores
"Parabenizo o senhor Antônio Ermírio de Moraes pelo texto do dia 18 passado ("Professor esquecido é juventude fracassada", Opinião, pág. A2). Espero que sempre escreva sobre isso, pois acho que a esse senhor eles escutam. Sugiro que o Ministério Público se engaje nessa luta, pois o professor na sala de aula é órfão de qualquer apoio. O pai desse adolescente que atua com "liberalidade" não está preocupado com o filho ou já perdeu o controle. Quem vai se responsabilizar pelas atitudes hostis desse jovem contra o professor senão o Estado? Em relação ao professor, essa situação será mantida enquanto não houver preocupação em aperfeiçoá-lo para não apenas instruir mas também educar (coisa que a família já não faz mais). Quanto ao seu salário, se não melhorar, teremos apenas os profissionais medíocres. Se tudo isso acontecer, com sorte, daqui a 30 anos, teremos alguma solução definitiva."
Ida Maria Pagotto Carvalho (Marabá, PA)

 

"Antônio Ermírio de Moraes, a quem muito admiro como empresário e por seu excelente trabalho no hospital da Beneficência Portuguesa, defende mais uma vez a universidade pública paga. Penso que as universidades públicas já estejam mais do que pagas, haja vista a quantidade absurda de impostos com que somos assaltados neste país. O que é preciso é apenas prioridade de quem governa para investir em educação para dar a todos as mesmas oportunidades de acesso a um ensino de qualidade. Acredito que os US$ 15,6 bilhões que o governo investiu nas empresas já privatizadas dariam conta do recado, até mesmo com um aumento substancial das vagas no ensino público, remuneração docente decente, melhores bibliotecas etc. Tudo como o articulista e eu desejamos."
Antônio Suárez Abreu (Campinas, SP)

Novo perfil
"Acabo de ler o artigo "A advocacia que defendemos", do ilustre doutor Luiz Flávio Borges D'Urso, atual presidente da OAB-SP (pág. A3, 18/1). Sou mineiro e tenho orgulho da profissão que exerço. E minha paixão por uma nova visão do exercício da advocacia aumenta ainda mais quando me deparo com homens arrojados como o autor. É preciso mudar profundamente a visão nacional do exercício da advocacia, tarefa árdua, penosa até, principalmente quando nos deparamos com os poderes constituídos. Mas acredito fielmente que, por meio de atitudes e enfrentamentos como os propostos pelo articulista, encontraremos, embasados na ética, na moralidade e na seriedade, o caminho seguro para apresentar à sociedade brasileira um novo perfil de nossa profissão. Votos de sucesso."
Luís Antônio Lira Pontes, advogado, conselheiro estadual da OAB-MG (Uberlândia, MG)

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