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CARLOS HEITOR CONY
Uma foto e um fato
RIO DE JANEIRO - Acho que não
deveria escrever esta crônica. Mas
como resistir à foto de Lula fotografando Fidel Castro e Fidel Castro
fotografando Lula? Taí: sempre ouvi dizer que uma imagem vale dez
mil palavras, pode valer muito mais
e muito menos. Refiro-me ao ditado latino "asinus asinum fricat".
Um burro coça outro burro.
Peraí. Se há dois caras que podem
ser tudo, menos burros, tanto Fidel
como Lula estão acima de qualquer
suspeita. Embora não admire suas
idéias e os métodos políticos que
praticam, tenho uma admiração pela pessoa física de ambos, não apenas por suas qualidades pessoais
mas por seus defeitos.
Estava em Cuba quando, num
momento de crise, dos muitos que
atravessava, Fidel parou tudo e foi
torcer pelo seu time de beisebol.
Que perdeu feio para um adversário
tradicional. Fidel entrou em depressão, cancelou compromissos e
foi curtir a cara inchada como qualquer torcedor, ninguém podia se
aproximar dele. Lula até que tem
mais qualidades do que Fidel no aspecto humano. É um ótimo sujeito
para se bater um papo sobre futebol, mulheres, comidas e bebidas,
músicas de churrascaria, fofocas
genéricas sobre a vida alheia.
Pena que os dois tenham se dedicado à salvação não da lavoura, mas
da pátria. Neste particular, não contam com a minha bênção, que, aliás,
não faz falta a ninguém, muito menos a eles, que terão um lugar garantido na história da humanidade,
que também não conta com a minha inútil e desmoralizada bênção.
Gostei de ver a foto dos dois se fotografando. Com um pouco de treino, Lula poderá se tornar um razoável paparazzo. Gosta do ofício, sempre que pode pede uma máquina
emprestada para fotografar alguma
coisa.
Fidel tem idade e já não tem mais
saúde para mudar de profissão.
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