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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Atenção constante!
EM 1º DE JANEIRO , os reservatórios de água para energia
elétrica do Centro-Oeste e
Sudeste estavam com 46% da sua
capacidade máxima. Na região
Norte, era de apenas 30%, e no
Nordeste, 27%. São índices bem inferiores aos verificados no ano passado. No Nordeste, a região mais
crítica, o nível dos reservatórios estava 36 pontos percentuais abaixo
de 2007.
O que é um nível mínimo para a
segurança da energia elétrica? O
tema é controverso, porque na
composição final da eletricidade
oferecida podem entrar outras fontes de energéticos, como é o caso
do gás. Isso varia também de região
para região. No caso das regiões
Centro-Oeste e Sudeste, o Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS) havia proposto um nível mínimo de 61%. Com essa exigência, o
Brasil seria forçado a acionar todas
as usinas termoelétricas naquela
região. Como não há gás natural
suficiente, o ONS desceu suas pretensões para 36%.
Mudanças de tamanho vulto
chegam a preocupar. A controvérsia técnica (que já é complexa) é
atropelada por um debate político.
O governo não quer dar o menor sinal de que o país pode enfrentar
uma crise de energia. Mas isso não
depende de opinião, desejo ou vontade, e sim da capacidade instalada.
E, quando isso é levado em conta, é
difícil antever céu de brigadeiro em
um país que precisa crescer acima
de 5% ao ano.
Passados 15 dias desse diagnóstico, o quadro virou na região Sudeste com a chegada de verdadeiros dilúvios que têm alagado as cidades e
conturbado o trânsito.
Será que são Pedro nos salvará
mais uma vez? Oxalá assim seja.
Mas ainda é cedo para garantir segurança. As grandes chuvas não
chegaram nas cabeceiras dos principais rios que alimentam os reservatórios.
A situação continua crítica. O
comportamento dos preços indica
isso. Nos últimos dias, a energia
elétrica foi vendida a quase R$ 600
o megawatt-hora, que é um preço
cinco vezes superior ao que se pagava nos anos de normalidade. Essa é a senha de um possível apagão.
Os industriais do Rio de Janeiro se
preparam para propor ao governo
um plano de racionalização do uso
de energia para evitar cortes drásticos em um futuro próximo.
O Brasil está atrasado na implantação de usinas hidrelétricas, e isso
não é novidade para ninguém. Algumas medidas foram tomadas recentemente, como é o caso da usina do rio Madeira, mas as soluções
são de longo prazo.
Por isso é fundamental encarar a
realidade e partir seriamente para
planos de contenção dos desperdícios. É o que se pode fazer no
momento.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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