São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2008

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Atenção constante!

EM 1º DE JANEIRO , os reservatórios de água para energia elétrica do Centro-Oeste e Sudeste estavam com 46% da sua capacidade máxima. Na região Norte, era de apenas 30%, e no Nordeste, 27%. São índices bem inferiores aos verificados no ano passado. No Nordeste, a região mais crítica, o nível dos reservatórios estava 36 pontos percentuais abaixo de 2007.
O que é um nível mínimo para a segurança da energia elétrica? O tema é controverso, porque na composição final da eletricidade oferecida podem entrar outras fontes de energéticos, como é o caso do gás. Isso varia também de região para região. No caso das regiões Centro-Oeste e Sudeste, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) havia proposto um nível mínimo de 61%. Com essa exigência, o Brasil seria forçado a acionar todas as usinas termoelétricas naquela região. Como não há gás natural suficiente, o ONS desceu suas pretensões para 36%.
Mudanças de tamanho vulto chegam a preocupar. A controvérsia técnica (que já é complexa) é atropelada por um debate político.
O governo não quer dar o menor sinal de que o país pode enfrentar uma crise de energia. Mas isso não depende de opinião, desejo ou vontade, e sim da capacidade instalada. E, quando isso é levado em conta, é difícil antever céu de brigadeiro em um país que precisa crescer acima de 5% ao ano.
Passados 15 dias desse diagnóstico, o quadro virou na região Sudeste com a chegada de verdadeiros dilúvios que têm alagado as cidades e conturbado o trânsito.
Será que são Pedro nos salvará mais uma vez? Oxalá assim seja. Mas ainda é cedo para garantir segurança. As grandes chuvas não chegaram nas cabeceiras dos principais rios que alimentam os reservatórios.
A situação continua crítica. O comportamento dos preços indica isso. Nos últimos dias, a energia elétrica foi vendida a quase R$ 600 o megawatt-hora, que é um preço cinco vezes superior ao que se pagava nos anos de normalidade. Essa é a senha de um possível apagão.
Os industriais do Rio de Janeiro se preparam para propor ao governo um plano de racionalização do uso de energia para evitar cortes drásticos em um futuro próximo.
O Brasil está atrasado na implantação de usinas hidrelétricas, e isso não é novidade para ninguém. Algumas medidas foram tomadas recentemente, como é o caso da usina do rio Madeira, mas as soluções são de longo prazo.
Por isso é fundamental encarar a realidade e partir seriamente para planos de contenção dos desperdícios. É o que se pode fazer no momento.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.


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