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JOGO PERIGOSO
Embora correndo o risco de voltar-se preponderantemente para o caso Waldomiro Diniz, que não era seu propósito inicial, a CPI dos
bingos é relevante, tendo muito a investigar. O funcionamento de bingos
no país foi originalmente autorizado
para ajudar financeiramente clubes
esportivos. O espírito da lei, contudo, como sói acontecer, jamais se
materializou. Muito pelo contrário,
todos os indícios sugerem que, se há
um setor beneficiado pela atividade,
ele é o crime organizado.
Jogos de azar são, de um modo geral, uma excelente maneira de lavar
dinheiro. Daí que com freqüência se
vê a associação entre os que administram a jogatina e traficantes de drogas e outros criminosos interessados
em simular origem legítima aos recursos auferidos à margem da lei. E,
rompida a barreira da legalidade,
vem a delinqüência.
As suspeitas contra bingos incluem o uso de máquinas viciadas,
homicídios, corrupção, tráfico de influência e sabe-se lá quantos delitos
mais. Uma investigação mais profunda nesse terreno poderá revelar o
quão movediças ainda são nossas
instituições. Conexões suspeitas entre o jogo e os meandros da política
dificilmente se limitarão ao caso
Waldomiro e ao PT. É difícil não crer
que outras figuras públicas das mais
diferentes esferas e Poderes mantenham relações inadequadas com a
máfia do jogo.
Para além da questão meramente
policial, há um problema de saúde
pública. Bingos tendem a ampliar o
contingente dos viciados em jogo. A
literatura médica traz farta documentação a comprovar que a compulsão de jogar é uma doença mental
comparável ao alcoolismo ou à dependência de outras drogas.
A legalização do jogo é polêmica e
encontra defensores de peso na sociedade. Os riscos, contudo, de irregularidades financeiras e os problemas para a saúde pública indicam
que essa atividade deve ser proscrita.
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