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Editoriais
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Política no tribunal
O DISTRITO FEDERAL , centro
político da República, está
à deriva. Não bastasse o
ineditismo de ver seu governador, José Roberto Arruda, preventivamente trancafiado, eis
que outra tempestade se abate
sobre seu vice, o empresário
Paulo Octávio.
Acossados por denúncias, ambos respondem a processos de
impeachment, ao mesmo tempo
em que se configura a perspectiva de uma insólita vacância em
série do cargo, com os sucessores
legais do governador e do vice se
esquivando de antemão de futuras responsabilidades.
Para adensar as nuvens de incerteza que pairam sobre Brasília, aguarda-se ainda a palavra do
Supremo Tribunal Federal sobre
o pedido de intervenção apresentado pela Procuradoria Geral
da República.
Na hipótese de a corte decidir
pela ação federal, algo que o Planalto não parece ver com bons
olhos, o imbróglio político passará a uma nova etapa.
O quadro em Brasília inspira
preocupações e expõe os males
que debilitam a instituição política brasileira, cuja legitimidade
se esvai em sucessivos escândalos. A escalada da desmoralização já chegou às instituições encarregadas de fiscalizar ou coibir
desmandos, como os conselhos
de ética dos Legislativos. Aos
olhos da população, políticos cada vez mais são comparáveis a
gângsteres e a vida pública tornou-se sinônimo de enriquecimento ilícito e fácil.
Essas circunstâncias favorecem o avanço de lideranças personalistas e as soluções emanadas da Justiça. Não há dúvida de
que o Poder Judiciário tem um
papel a cumprir em questões relativas à vida política do país,
mas sua presença nessa esfera
parece tornar-se mais assídua do
que o desejável. Melhor seria se o
próprio organismo político produzisse suas defesas e fosse capaz de impedir a propagação de
desvios como esses que ora atingem a capital federal.
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