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A INCÓGNITA PRODUTIVA
Para que o Plano Real seja consistente a longo prazo é preciso que esteja em curso uma reestruturação
produtiva capaz de melhorar significativamente a competitividade da indústria nacional. O acompanhamento dessas transformações é quase tão
importante quanto o dos desdobramentos macroeconômicos.
O governo sustenta que esse processo de modernização produtiva está ocorrendo, e que seu sucesso é pelo menos factível. Mas economistas
qualificados põem em dúvida se essas transformações têm magnitude
para contrabalançar as desvantagens
competitivas produzidas pela valorização cambial. O problema é que
não existem dados suficientes para
comprovar uma tese ou outra.
A estimativa de que a taxa de investimento aumentou de 16% para 18%
do PIB em 1997 é um sinal favorável à
tese de que a reestruturação está em
andamento. Ainda não basta para
imprimir um ritmo de crescimento
compatível com as potencialidades
do país e a redução do desemprego,
mas essa é outra questão.
Antonio Barros de Castro traz, porém, novo complicador ao debate.
Em artigo nesta Folha, o ex-presidente do BNDES afirma que a nova
safra de investimentos, voltada principalmente para o setor de consumo,
seria pouco geradora de divisas e não
traria grandes ganhos de produtividade para toda a economia.
Outro elemento de avaliação são os
sinais sobre o que está ocorrendo
nas áreas de infra-estrutura. O governo anunciou em fins do ano passado cortes de R$ 2,1 bilhões nos investimentos das estatais de energia
elétrica, petróleo e telecomunicações. Mas parece claro que as empresas já privatizadas farão grandes investimentos. O saldo ainda promete
ser positivo. Mas é difícil prever a
magnitude dos ganhos de competitividade que tal modernização trará
para o restante do parque produtivo.
A reestruturação com a qual o governo espera fazer a travessia até um
novo equilíbrio macroeconômico
ainda é uma incógnita.
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