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Preparar a Páscoa
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Faltam poucos dias para a Semana
Santa. Procuremos intensificar a preparação para o tríduo em que comemoramos a paixão, a morte e a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Entregou-se para nos salvar do pecado
e venceu a morte para nos dar a vida.
Participar da liturgia da Semana Santa
é um dever de gratidão para todos que
têm a graça de conhecer pela fé a mais
bela história de amor por nós.
Na tradição cristã, o período de preparação é marcado por três expressões
de fé, que manifestam a nossa conversão e o desejo sincero de abraçar a vida
nova que Cristo Ressuscitado nos oferece e comunica. Trata-se da oração,
do jejum e da esmola.
A oração nos une mais intensamente
a Deus, faz-nos crescer na confiança e
obtém-nos as graças de que necessitamos para conhecer e cumprir sua vontade sobre nossas vidas. Neste ano de
1999, último que precede o grande jubileu e a entrada no milênio novo, somos convocados para descobrir sempre mais a Deus, pai da misericórdia,
que nos deu seu filho Jesus, ama-nos
com infinito amor, move-nos ao arrependimento, perdoa nossas faltas e
ajuda-nos a abrir o coração e a reconciliar-nos com nossos irmãos.
Acreditemos na graça de Deus e procuremos dar e receber o perdão, diante
de quem nos ofendeu e fez sofrer. Não
tenhamos receio de sermos nós a estender a mão em primeiro lugar. É o
momento de esquecer o ressentimento
e restabelecer os laços de amizade e
amor entre marido e mulher, pais e filhos e em todos os setores da sociedade.
O jejum pode parecer uma palavra
sem muita circulação entre nós. No entanto, conserva toda a sua força. Além
de ser uma atitude penitencial, pela
qual reparamos nossas faltas, o jejum
ajuda-nos a conseguir o controle e o
autodomínio diante da atração do fumo, da demasiada comida e bebida e
da desordem de nossos instintos. Percebemos melhor a atualidade do jejum
e do autocontrole quando consideramos o desregramento a que tantos jovens são levados pela propaganda e aliciamento das drogas ou da perversão
sexual.
A Sagrada Escritura valoriza muito a
esmola. E por quê? Ela significa a partilha como vivência da fraternidade.
Não se trata apenas de dar alguma coisa a quem mendiga e passa carência
extrema. A esmola é expressão do
amor misericordioso e da solidariedade que, ao perceber a indigência do
próximo, sabe socorrê-lo com todo
respeito à sua dignidade de filho de
Deus e irmão nosso.
A esmola, como ensina Jesus, deve
ser feita diretamente sob o olhar do
"Pai do Céu", com coração generoso
e alegre para atender à necessidade do
irmão. Na análise que o papa João Paulo 2º fez da atitude dos católicos no
atual milênio, ele coloca em evidência
a nossa insensibilidade diante das injustiças sociais e da grave miséria do
povo. A solidariedade que nasce do
amor deve ser criativa e descobrir soluções viáveis, por exemplo, diante do
desemprego que se torna cada vez mais
cruel e desafiante.
Preparar a Páscoa é dispor-se interiormente a vencer o egoísmo e o pecado para configurar sempre mais a própria vida a Jesus Cristo, assumindo
com todas as consequências o mandamento e o primado do amor. Assim, a
Páscoa de Cristo, além de renovar a esperança da nossa ressurreição, é também convite à experiência crescente do
relacionamento fraterno e feliz.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados
nesta coluna.
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