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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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CARLOS HEITOR CONY

Lula e FHC

RIO DE JANEIRO - No meio do caminho, geralmente há uma pedra, e, quando não há pedra, como no caso de Drummond, há uma "selva oscura" -como no caso de Dante. É na metade do caminho que se adquire a noção do que será o resto.
No primeiro mandato, FHC deixou escapar aquela jóia de má informação, dizendo que era fácil governar o Brasil. Teve um segundo mandato de lascar e deixou uma herança pesada para o seu sucessor.
Lula ainda está no começo do começo, e embora conserve o apoio da maior parte da população, já desconfia que boa vontade, fé em Deus e pé na tábua não bastam para realizar aquilo que sonhou, aquilo que prometeu e, sobretudo, aquilo que esperam dele.
Mussolini dizia que não era difícil governar os italianos: era inútil. Embora não seja exemplo que deva ser citado, o "duce" não era burro e botou o dedo na ferida: nem com democracia, nem com ditadura se pode fazer tudo o que o povo espera. Já é lucro quando se deixa de fazer besteira, como Mussolini fez, aliando-se a Hitler. Passados cem dias de governo, sente-se um clima não de desânimo, mas de perplexidade no alto escalão. Todos os hierarcas do PT e dos partidos aliados parecem ainda em campanha, proclamando que o Brasil mudou, que agora a coisa será diferente.
Na realidade, o que se observa neste início de governo é um continuísmo nem sempre bem disfarçado. A máquina rola, não se mexe em time que está ganhando e, embora os jogadores sejam outros, o jogo parece o mesmo.
Quando há vontade política para fazer alguma coisa, de bom ou de mau, a coisa começa a ser feita no primeiro dia. Foi assim que no exemplo mau, Collor confiscou poupança e depósitos no seu primeiro dia de governo.
Foi assim com JK, que no primeiro dia de governo levou a Volta Redonda o então vice-presidente Nixon, dos Estados Unidos. E descolou uma verba para dobrar a nossa produção de aço. E em cinco anos fez o trabalho de 50.


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