São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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RISCO GLOBAL

As baixas taxas de juros e os estímulos fiscais nos principais países desenvolvidos, associados às intervenções cambiais realizadas pelos bancos centrais asiáticos, sob a liderança do Japão, ampliaram a liqüidez internacional, reduzindo a aversão ao risco e impulsionando a retomada do crescimento da economia mundial.
No entanto, a partir de fevereiro de 2004, os mercados financeiros internacionais passaram a apresentar maior volatilidade nos preços dos diferentes ativos. Esse fenômeno parece estar relacionado com a presença de novos riscos em cena.
Em primeiro lugar, a maioria dos ativos já atingiu níveis de preços bastante elevados. Em segundo lugar, a inflação parece ressurgir, sobretudo nos EUA e na China. Em terceiro lugar, a especulação financeira global gerou um volume considerável de operações, alavancadas por dívidas, uma vez que os lucros esperados eram maiores do que os custos dos empréstimos utilizados para financiar as transações. Esse movimento se generalizou pelos mercados de títulos públicos, de ações, de moedas, de commodities e de países emergentes, como o Brasil.
O Fed, banco central americano, já emitiu sinais de que terá de facilitar a digestão gradual desse gigantesco processo especulativo a fim de não provocar uma crise financeira global. Isso significa criar as condições para a liqüidação das posições e ajustes nas carteiras dos investidores antes de iniciar um movimento de subida nas taxas de juros. De um modo geral, esse processo se dá por meio de declarações dos diretores e de minutas das reuniões do banco central. Há indicações de que esses procedimentos já foram iniciados: investidores altamente endividados, prevendo elevação dos juros, já começaram a reduzir posições em diferentes mercados.
Obviamente que esses riscos -alta dos juros nos EUA, desaquecimento da China e queda dos preços de commodities (soja, carne, aço)- também afetam o Brasil. Esse cenário reforça a importância de o país continuar em busca da redução de sua vulnerabilidade externa, avançando na pauta de exportações, recompondo reservas internacionais e mantendo-se atento à taxa de câmbio.


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