São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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TRANCA PETISTA

Depois de arrombada a porta, providencia-se tranca. O adágio traduz de certa forma o que se passou na reunião do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizada no final de semana. Abalado pelo escândalo Waldomiro Diniz, que provocou alongada crise política na esfera federal, o PT houve por bem baixar normas com o intuito de evitar que as doações de campanha enveredem pelo caminho da irregularidade e da falta de ética.
Proibiu, então, que os candidatos do partido recebam recursos doados por pessoas ou empresas envolvidas com jogos de azar, jogo do bicho, bingos e assemelhados -além de outras atividades ilícitas.
Chama a atenção que tamanha obviedade não fosse já procedimento regulamentado no partido que passou anos se apresentando à sociedade como o paladino da moral e dos bons costumes políticos. O escândalo envolvendo o ex-assessor do ministro José Dirceu deixou, de fato, às claras que nem tudo aquilo que o PT pregava ou cobrava dos adversários era fielmente seguido por seus próprios quadros e administrações.
Sinais nesse sentido também têm sido insistentemente emitidos pelo momentoso caso da Prefeitura de Santo André, que sugere práticas, para dizer o mínimo, heterodoxas.
Apesar do interesse demonstrado pelo partido de se mostrar ainda na "vanguarda da defesa da luta pela ética", como afirmou o seu presidente, José Genoino, foi rejeitada no encontro a proposta para que as doações de campanha fossem periodicamente publicadas na internet, o que daria ao processo, em princípio, inédita transparência.
Preferiu-se transformar a sugestão em projeto a ser submetido ao Congresso, de modo que possa se tornar obrigatório para todos os partidos. Ao que parece, a idéia original era vanguardista demais.


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