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CAPITAIS SEM CONTROLE
As principais moedas internacionais -dólar, euro e iene-
têm apresentado elevada volatilidade
associada com os fluxos de capitais
de curto prazo. A taxa de câmbio entre o real e o dólar tem flutuado em
torno de 2% de um dia para o outro.
Essa elevada oscilação entre as moedas perturba as estratégias das empresas e dificulta a gestão das políticas macroeconômicas.
A instabilidade cambial e as crises
financeiras globais ocorridas desde
1997 têm recolocado a necessidade
de aprofundar a regulamentação,
doméstica e multilateral, dos mercados financeiros. A regulação doméstica avançou, sobretudo com a adoção das regras para fortalecer o sistema bancário, previstas no Acordo de
Basiléia. A internacional desponta
em diferentes instâncias na Europa e
nas organizações multilaterais.
Em março, o FMI admitiu a introdução de controle de entrada sobre
os fluxos de capitais nos países em
desenvolvimento. No início de maio,
a revista "The Economist" reconheceu a especificidade dos mercados financeiros e a pertinência de regulamentar -e controlar- o vaivém de
capitais em economias emergentes.
Essa discussão indica, ainda, que
não bastaria aperfeiçoar a supervisão
do mercado de capitais internacional, a fim de evitar crises financeiras
e cambiais. Haveria a necessidade de
promover mecanismos de financiamento de longo prazo, mediante a
introdução de garantias públicas oferecidas ao investidor pelo FMI, Bird e
outras instituições de fomento.
O papel do Brasil na redefinição da
nova ordem financeira mundial é
bastante limitado, mas o próprio
presidente Fernando Henrique Cardoso já assumia a bandeira da regulamentação e do controle dos fluxos
internacionais de capitais. Internamente, o Banco Central possui instrumentos para tentar conter a oscilação excessiva da taxa de câmbio,
tais como "pedágio" na entrada de
capitais ou aumento do IOF nas operações com moeda estrangeira de
curto prazo. Eis uma discussão da
qual o país não poderá, no futuro
próximo, se abster.
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